ATA DA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO
LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 08-02-2010.
Aos oito dias do mês de fevereiro do ano de dois mil
e dez, reuniu-se, no Plenário Ana Terra do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada,
respondida pelos vereadores Adeli Sell, Aldacir José Oliboni, Beto Moesch, DJ
Cassiá, Dr. Raul, Fernanda Melchionna, Haroldo de Souza, João Carlos Nedel,
Luciano Marcantônio, Maria Celeste, Nelcir Tessaro e Toni Proença. Constatada a
existência de quórum, o senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda,
durante a Sessão, compareceram os vereadores Airto Ferronato, Alceu Brasinha,
Bernardino Vendruscolo, Carlos Todeschini, Dr. Thiago Duarte, Elias Vidal,
Engenheiro Comassetto, Ervino Besson, João Antonio Dib, João Pancinha, Luiz
Braz, Marcello Chiodo, Mario Manfro, Mauro Pinheiro, Mauro Zacher, Nilo Santos,
Paulinho Ruben Berta, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Sofia
Cavedon, Tarciso Flecha Negra, Valter Nagelstein e Waldir Canal. À MESA, foram
encaminhados: pelo vereador Airto Ferronato, juntamente com a vereadora Sofia
Cavedon e o vereador Valter Nagelstein, o Projeto de Lei Complementar do
Legislativo nº 030/09 (Processo nº 5729/09); pelo vereador Bernardino
Vendruscolo, o Projeto de Lei do Legislativo nº 263/09 (Processo nº 6072/09);
pelo vereador Ervino Besson, o Projeto de Lei do Legislativo nº 249/09
(Processo nº 5673/09); e pelo vereador Paulinho Ruben Berta, o Projeto de Lei
do Legislativo nº 261/09 (Processo nº 6023/09). Também, foi apregoado o Ofício
nº 061/10, do senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, indicando o vereador
Valter Nagelstein como Líder do Governo neste Legislativo. Ainda, foi apregoado
o Relatório Final da Comissão Especial para Busca de Soluções para Porto Alegre
Enfrentar a Crise Global, instituída por meio do Requerimento nº 031/09
(Processo nº 0946/09). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos
104126, 104356 e 163008/10, do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde.
A seguir, o senhor Presidente registrou o transcurso, no dia de ontem, do
aniversário do vereador João Carlos Nedel, procedendo à entrega, em nome da
Mesa Diretora, de um cartão de felicitações a Sua Excelência. Em GRANDE
EXPEDIENTE, pronunciaram-se os vereadores Beto Moesch e Bernardino Vendruscolo.
Em continuidade, o senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, à
senhora Jeniffer Luciane Rodrigues, que, em nome da Associação de Moradores da
Casa de Passagem da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, se pronunciou acerca
da remoção, por parte da Prefeitura, dos moradores da casa de passagem localizada
na rua Frederico Mentz, nº 857. Após, em face de Questão de Ordem formulada
pelo vereador Valter Nagelstein, o senhor Presidente prestou esclarecimentos
acerca do rito a ser observado durante a Tribuna Popular. Também, nos termos do
artigo 206 do Regimento, os vereadores Fernanda Melchionna, Luciano
Marcantônio, Toni Proença, Engenheiro Comassetto, Nilo Santos, Paulinho Ruben Berta,
Reginaldo Pujol e Maria Celeste manifestaram-se acerca do assunto tratado
durante a Tribuna Popular. Ainda, o vereador Elias Vidal, Presidente da
Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação, convidou para reunião dessa
Comissão a ser realizada no dia de amanhã, às quatorze horas e trinta minutos,
na qual será abordado o assunto discutido durante a Tribuna Popular. Às quinze
horas e vinte e sete minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos,
sendo retomados às quinze horas e vinte e oito minutos, constatada a existência
de quórum. Em prosseguimento, foram apregoados os seguintes Requerimentos, deferidos
pelo senhor Presidente, solicitando a retirada de proposições da Ordem do Dia,
nos termos do artigo 81 da Lei Orgânica do Município: de autoria da vereadora
Fernanda Melchionna, com referência ao Projeto de Lei Complementar do
Legislativo nº 016/09 (Processo nº 2599/09); de autoria do vereador Haroldo de
Souza, com referência ao Projeto de Lei do Legislativo nº 247/05 (Processo nº
5138/05); e de autoria do vereador Mauro Pinheiro, com referência ao Projeto de
Lei Complementar do Legislativo nº 004/09 (Processo nº 0868/09). Em COMUNICAÇÃO
DE LÍDER, pronunciaram-se a vereadora Fernanda Melchionna e os vereadores João
Antonio Dib e Aldacir José Oliboni. Na ocasião, as vereadoras Fernanda
Melchionna e Sofia Cavedon manifestaram-se acerca do pronunciamento do vereador
João Antonio Dib em Comunicação de Líder. A seguir, o senhor Presidente
declarou o vereador Beto Moesch empossado na Comissão de Saúde e Meio Ambiente.
Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pelo Governo, pronunciou-se o vereador Valter
Nagelstein. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciou-se o vereador Airto Ferronato.
Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pela oposição, pronunciou-se o vereador Pedro Ruas. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Reginaldo Pujol e Sebastião
Melo. Em continuidade, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM
DO DIA. Em Discussão Geral e Votação, esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº
106/05 (Processo nº 2267/05), o qual, após ser discutido pelas vereadoras Sofia
Cavedon e Fernanda Melchionna e pelos vereadores Airto Ferronato e Carlos
Todeschini, teve sua discussão adiada por duas Sessões, a Requerimento,
aprovado, de autoria da vereadora Sofia Cavedon. Na oportunidade, em face de
Questão de Ordem formulada pelo vereador Ervino Besson, o senhor Presidente
prestou esclarecimentos acerca do adiamento da discussão do Projeto de Lei do Legislativo
nº 106/05. Após, foi aprovado Requerimento verbal formulado pelo vereador Adeli
Sell, solicitando a retirada do Projeto de Lei do Legislativo nº 061/07
(Processo nº 1827/07) da priorização para a Ordem do Dia da presente Sessão.
Também, foram aprovados Requerimentos de autoria do vereador Valter Nagelstein,
solicitando o adiamento, por uma Sessão, da discussão do Projeto de Lei do Executivo
nº 017/09 e do Projeto de Lei do Legislativo nº 164/06 (Processos nos
2767/09 e 3695/06, respectivamente). Em prosseguimento, o senhor Presidente
declarou encerrada a Ordem do Dia. Em COMUNICAÇÕES, pronunciaram-se os
vereadores Carlos Todeschini, Dr. Raul e DJ Cassiá. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER,
pronunciou-se o vereador Luciano Marcantônio. Em COMUNICAÇÕES, pronunciou-se o
vereador Alceu Brasinha, em tempo cedido pelo vereador Marcello Chiodo. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciou-se o vereador Nilo Santos. A seguir, a
vereadora Sofia Cavedon manifestou-se acerca do pronunciamento do vereador Nilo
Santos em Comunicação de Líder. Em COMUNICAÇÕES, pronunciaram-se os vereadores
Dr. Thiago Duarte e Ervino Besson, este em tempo cedido pelo vereador Elias
Vidal. Em PAUTA, Discussão Preliminar, 1ª Sessão, estiveram os Projetos de Lei
do Executivo nos 051 e 053/09. Às dezessete horas e cinquenta e nove
minutos, nada mais havendo a tratar, o senhor Presidente declarou encerrados os
trabalhos da presente Sessão, convocando os senhores vereadores para a Sessão
Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram
presididos pelos vereadores Nelcir Tessaro, Mario Manfro e Mauro Pinheiro e
secretariados pelos vereadores Bernardino Vendruscolo, João Carlos Nedel e
Mauro Pinheiro, este como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Bernardino
Vendruscolo, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada por mim
e pelo senhor Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão.
Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu
quero chamar a atenção de todos os Vereadores para entregarmos um cartão de
aniversário ao nosso colega Ver. João Carlos Nedel, que, na data de ontem,
comemorou mais um ano!
(Procede à entrega do cartão.) (Palmas.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Bem-vindo, Ver. Pujol, que esteve afastado por
Licença Saúde; bom retorno ao nosso Plenário.
Tendo em vista que a nossa convidada para a Tribuna
Popular ainda não está presente, passamos ao
O Ver. Beto Moesch está com a palavra em Grande
Expediente.
O SR. BETO
MOESCH: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, cabe a mim,
por uma coincidência, ter que iniciar os trabalhos no Grande Expediente na
tribuna desta Casa, o que é uma honra muito grande. Quero aproveitar, então,
este tempo, que são 15 minutos, para que possamos fazer uma análise, uma
reflexão e - por que não? - para expor principalmente medidas a serem tomadas
acerca de um assunto que eu sugiro como pauta de hoje e dos próximos dias e que
já vem sendo pauta há muito tempo.
O Jornal do Comércio de quinta-feira passada mostra
algo extremamente importante para o Rio Grande do Sul, e, principalmente, para
Porto Alegre. Todos sabem que Porto Alegre tem nos serviços e no comércio, Ver.
Dib, a sua principal fonte econômica. Nós não temos mais aqui, Verª Fernanda, a
indústria como a principal base econômica, como já foi há muitas décadas.
Destaca-se, nesse cenário, a construção civil, que, Ver. Toni Proença, foi a
nossa grande parceira na tentativa de melhorar - e, na minha opinião,
conseguimos melhorar um pouco - o Plano Diretor. A construção civil cresceu 11%
em 2009 no Estado do Rio Grande do Sul, enquanto que, Ver. Pujol, em todos os
outros Estados ela declinou. Portanto, no Brasil, segundo o estudo do Jornal do
Comércio, houve o crescimento da construção civil apenas no Estado do Rio
Grande do Sul, principalmente em Porto Alegre. Isso é muito positivo, é
importante, e nós queremos aplaudir, e dizer que em virtude desse crescimento
algumas pessoas do setor, uma minoria, não podem vir aqui nesta Casa ou na
imprensa dizer que a legislação de Porto Alegre e que a defesa do meio ambiente
atravancam o desenvolvimento da construção civil, porque os números mostram
justamente o contrário: foi o único Estado onde houve crescimento: 11%, em
pleno ano de crise, Ver. Aldacir José Oliboni, que é o Presidente da Comissão
de Saúde e Meio Ambiente. Amanhã, na nossa reunião interna da Comissão, vou
querer pautar alguns assuntos sobre este tema, porque Porto Alegre criou a
primeira lei do Brasil, e que hoje é lei federal, segundo a qual não se pode
autorizar a poda e o corte de árvores sem autorização prévia do órgão
ambiental. Se não me engano, Ver. João Antonio Dib, essa Lei é de 1981, de
autoria do então Vereador Luiz Vicente Dutra. Essa foi uma das grandes
conquistas desta Casa; e não apenas desta, é óbvio, hoje é lei federal. Nós temos
como uma das principais diretrizes, quando se podem cortar árvores, fazer o
plantio compensatório. Nós resgatamos, Sr. Presidente, um Decreto que, em 2003,
diminuía as compensações ambientais, e na primeira gestão do Prefeito José
Fogaça foram ampliadas. Mais: esta Casa também aprova algo que já acontecia em
várias outras cidades, que é a captação da água da chuva, o reuso da água,
hidrômetros individuais e o programa de uso racional da água. E aprovou agora,
recentemente, algo que já se fazia, Ver. Mario Manfro, desde 2005, mas que nós
colocamos agora no Plano Diretor - essa é a grande diferença, porque agora é
uma lei complementar -, que são as Áreas Livres e Vegetadas, nas quais, para se
construir, ou se deve preservar o mínimo da vegetação existente, ou, não
existindo, tem de plantar. Essa já era uma instrução de 2005, e nem por isso a
construção civil deixou de crescer; e bota crescer nisso: 11%, em 2009.
Realmente, é uma matéria impressionante (Lê.): “O mercado de trabalho formal da
construção no Estado cresceu 11% em 2009 e se descolou do desempenho do País,
que foi negativo frente a 2008”. O crescimento é tanto, o crescimento é tão
extraordinário que não há mais mão de obra disponível no Estado do Rio Grande
do Sul para a construção civil. Na página 15 do Jornal do Comércio de
quinta-feira, a reportagem afirma que as abordagens chegam a ocorrer até mesmo
nos canteiros de obras. Há uma disputa pelos trabalhadores entre empresas. E
vão pessoas lá abordar o trabalhador, oferecendo 30% a 40% a mais, segundo
reportagem do Jornal do Comércio. É um extraordinário crescimento, mesmo tendo
Área Livre Vegetada, tendo compensação ambiental, tendo uso racional da água,
tendo, Verª Sofia Cavedon, para grandes empreendimentos, EIA-RIMA ou RIA - Relatório de Impacto Ambiental. Pois é
justamente por isso que a construção cresce e pode se desenvolver de forma
sustentável, porque é isso que dá sustentabilidade para a construção, é isso
que garante a venda dos imóveis a serem construídos. Porque aqui há qualidade,
não só qualidade do material e da arquitetura, mas há qualidade ambiental. Além
de ser fundamental para o crescimento da construção civil, ao contrário do que
alguns dirigentes do setor minoritariamente dizem, além de justamente garantir
o crescimento econômico da construção civil, geram empregos a tal monta que não
há mais mão de obra disponível do Estado do Rio Grande do Sul para a construção
civil. Portanto, há uma responsabilidade desta Casa, Verª Maria Celeste, de não
só manter a legislação ambiental que aí está, mas aprimorá-la ainda mais. Nós
precisamos é ser mais ousados, porque a matéria diz que a ousadia, o
vanguardismo de Porto Alegre é que está fazendo com que o setor da construção
civil seja o único que cresce no Brasil, somente no Estado do Rio Grande do
Sul, principalmente em Porto Alegre. É por isso que vários Municípios, várias
cidades estão insistindo em temas, Ver. Valter Nagelstein, que nós aprovamos
nesta Casa durante décadas.
Eu aprendi muito, Ver. João Antonio Dib, aprendi
muito nesta Casa, justamente com avanços históricos, e que são tão avançados e
históricos que são atuais, que passaram a ser copiados Brasil afora. E é por
isso que São Paulo está ousando ainda mais no quesito vegetação - mais que
Porto Alegre -, em virtude dos diversos alagamentos que há mais de 50 dias
ininterruptos assolam a Capital de São Paulo. E, segundo o jornal A Folha de
São Paulo, de 18 de janeiro, as áreas onde as chuvas são mais intensas são
justamente as que mais têm concreto, no caso, a Zona Leste. Isso ocorre porque,
segundo especialistas, a grande concentração de imóveis, muito asfalto, o
excesso de carros, a falta de vegetação acabam formando, em São Paulo, as ilhas
de calor. Isso eleva a temperatura, e quando há o encontro com o ar mais frio,
ocorrem chuvas intensas. São Paulo está fazendo uma reflexão profunda sobre o
que ocorre lá e uma das principais conclusões - unânime - é de que São Paulo
tem que, aos poucos, procurar substituir o concreto e o asfalto pelo verde,
harmonizando isso.
Mais: o que São Paulo já faz em relação à captação
da água da chuva - Lei também já aprovada por esta Casa, em 2008 -, por
iniciativa do Deputado Jurandy Loureiro, é que imóveis com mais de 50 metros
quadrados de área construída devem obrigatoriamente, segundo o projeto que está
para ser votado no Congresso Nacional, absorver a água da chuva. No mesmo
sentido, o Senador Antonio Carlos Valadares - não está aqui o Ver. Airto
Ferronato, mas é do mesmo Partido do Vereador - vai além, e dispõe sobre o
reuso da água, hidrômetro individualizado e educação ambiental obrigatória,
mostrando o ciclo hidrológico, a importância da água, e o que isso tem a ver
não só com a água que está lá na torneira, mas com a água que nasce lá no
morro, com a água que nasce lá num banhado, com a inter-relação da água com a
flora - que é da lei da natureza -, pois não há água sem flora, não há água sem
vegetação, não há como, por mais obras que se façam, fazer com que a água escoe
se só houver concreto e asfalto. Ver. Dr. Thiago, essa é a grande catástrofe da
cidade de São Paulo! É por isso que chove mais lá e depois não tem para onde
escoar. Nós ainda temos tempo para aprender com isso. Porto Alegre sempre foi
uma Cidade, historicamente, que valorizou muito a sua arborização, que sempre
denunciou cortes de árvores sem autorização, que valoriza os jardins, que quer
grama, mas, infelizmente, nós ainda temos muitas áreas áridas na cidade de
Porto Alegre, calçadas totalmente
basaltadas, sequer com um pouquinho de grama. Isso não é uma brincadeira. Há
pouco tempo, diziam que isso era coisa de quem não tinha o que fazer, que era zen ou seja lá o que for. Hoje, são os
engenheiros que dizem isso, são os empreendedores que dizem isso, são os
meteorologistas que dizem isso. Portanto, isso é muito sério! Quando se
procurar pautar este assunto, nós temos que levá-lo com muita seriedade e
jamais permitir que algumas pessoas digam aqui que oito ou nove empresas de
pequeno porte da construção civil estão prontas para irem embora da Cidade se
aprovarmos a Área Livre Vegetada, porque os números mostram justamente o
contrário. O Rio Grande do Sul foi o único Estado que teve crescimento
substancial no País, na ordem de 11%, dando destaque a Porto Alegre, que é uma
Cidade que tem como principal matriz econômica a construção civil, mas,
justamente, Ver. Dib, porque ela se dá de forma sustentável. Nós não só
queremos, mas precisamos de uma construção sustentável e que passe também a
respeitar as decisões tomadas não por esta Casa, mas por toda a sociedade, em
cima de estudos cada vez mais comprovados da necessidade de nós termos muita,
mas muita vegetação nas cidades. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Queremos saudar a presença da Associação de
Moradores da Casa de Passagem da Prefeitura Municipal de Porto Alegre e
comunicar que, dentro de 15 minutos, a Srª Jeniffer Luciane Rodrigues,
representante da Associação, poderá fazer uso da palavra, em Tribuna Popular.
O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra em
Grande Expediente.
O SR. BERNARDINO
VENDRUSCOLO: Sr. Presidente, Ver. Nelcir Tessaro; Sras Vereadoras, Srs.
Vereadores, público que acompanha o nosso trabalho, não sei, meu colega
Vereador, se nós vamos esclarecer agora o que o meu Governo e o seu até hoje
não conseguiram resolver, mas são assuntos dos quais nós vamos tratar. É
preciso ter coragem para, muitas vezes, trazer assuntos, quando se é da base do
Governo. Mas sei perfeitamente, Ver. Valter Nagelstein, que o nosso Prefeito
deve ter muita dificuldade com certos Secretários, e que, se fosse pela vontade
dele, nós já teríamos resolvido os dois assuntos, ao menos me parece, que são
esses que trago.
Inicio, falando do pagamento antecipado do IPTU com
desconto. E aqui inicio, alertando que agora, quarta-feira, dia 10 de
fevereiro, é a oportunidade para quem quer pagar o IPTU antecipado, com 10% de
desconto. O prazo é até quarta-feira, dia 10. Com 20% de desconto, o prazo foi
o primeiro dia útil do mês de janeiro, que caiu no dia 4. Eu tenho recebido, ao
longo dos cinco anos que estou aqui nesta Casa, muitas sugestões e reclamações
de pessoas que não são contempladas com essa condição de pagar o IPTU
antecipado com desconto, porque elas não recebem o seu salário até o primeiro
dia útil do mês. Outro dia, nós falávamos aqui que muitas classes trabalhadoras
ainda recebem de acordo com aquele prazo estabelecido pela CLT, que é até o
quinto dia útil. Funcionários públicos e outros que têm outra data estabelecida
nos dissídios coletivos têm essa oportunidade.
Quero começar aqui, mostrando como funciona em
Cachoeirinha: até o dia 20 de janeiro, tem 15% de desconto. Estamos comparando
com Porto Alegre, Ver. Beto, onde, até o primeiro dia útil do mês de janeiro, o
IPTU tem desconto de 20%. Em Viamão, pagando até o dia 5 de março, tem 30% de desconto.
Em Esteio, até 1º de fevereiro, 20% de desconto; Canoas, até o dia 11 de
janeiro, tem 27% de desconto. E Alvorada, pagando até o dia 17 de fevereiro,
tem 20% de desconto. Em Porto Alegre, é só até o primeiro dia útil do mês de
janeiro. E os inteligentes, para não dizer irresponsáveis, dizem que vai dar um
desencaixe financeiro, como se todos fossem alienados. Aqui está se tratando de
antecipação de Receita! E, mesmo que tivesse esse desencaixe, é obrigação do
Poder Público dar as mesmas condições para todos!
O Ministério Público tem se preocupado com várias
coisas da sociedade, da política, eu acho que vem fazendo um trabalho bom, só
que aqui eu tenho certeza de que ele esqueceu de olhar, porque muitos não têm
as mesmas condições, os mesmos privilégios que outros. Estes, os quais eu estou
tentando mostrar que são discriminados, são aqueles que não recebem até o
primeiro dia útil do mês seguinte.
O Sr. João
Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver.
Bernardino Vendruscolo, eu vou lhe contar a história dos 20% de desconto no
IPTU. Com a Lei Complementar nº 007, de 1973, portanto de 37 anos atrás, é que
se colocaram os 20% de desconto, para que fosse pago no mês de janeiro o IPTU
antecipado. Mas, naquele tempo, era extraordinário para a Prefeitura poder
receber com 20% de desconto, porque se pagava o imposto em 12 parcelas iguais,
mensais e sucessivas, e chegamos a ter inflação de 1.500% ao ano. Eu entendo os
argumentos de V. Exª, mas, aqueles que têm dificuldade de antecipar o pagamento
para dezembro, quando recebem o 13º salário, se não pagarem em dezembro,
gastarão no Natal e no Ano-Novo, e não terão para pagar em janeiro. Na
realidade, essa antecipação é relativa: é muito boa para quem pode pagar, mas
acho que não iria mudar a nossa história, se nós déssemos o desconto de 20%
durante o mês de janeiro; não teria razões. Acho que os outros Municípios não
tinham esse desconto. Porto Alegre deve ter sido a primeira Cidade a fazer este
tipo de legislação.
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: Obrigado. Se foi a primeira, parou no tempo, Ver.
João Antonio Dib. Eu respeito carinhosamente a sua história, por aquilo que
conhece, por aquilo que já fez por Porto Alegre. Agora, se fosse desta forma,
com esta linha de raciocínio, as outras cidades não teriam esses outros prazos.
E, se uma única pessoa tiver a oportunidade de pagar com desconto e as demais
não, por aí já está caracterizada a injustiça. É por isso que nós estamos
defendendo essa forma.
O Sr. Adeli
Sell: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Efetivamente, ao
longo dos últimos anos, eu tenho compartilhado suas preocupações acerca do
pagamento de tributos na Cidade. É evidente que a data proposta para o desconto
de 20%, até 4 de janeiro, é uma data equivocada. Nós erramos, todos temos
alguma responsabilidade, pois há tempos isso acontece. Nós temos que passar
isso, no mínimo, para o dia 10 de cada início de ano, porque até lá as pessoas
terão recebido os seus proventos e poderão ter esse benefício de 20%, que é substancial
para uma grande parcela da população.
Portanto, devemos ver uma forma de nós,
conjuntamente, aqui, de repente, fazermos um documento único, subscrito, porque
não será por seis dias ou uma semana que a nossa Prefeitura vai falir. Se a
Prefeitura falir, será por outros problemas que nós sabemos quais são.
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: Obrigado. V. Exª e todos os Vereadores sabem que
há questão de 20 dias eu tive o cuidado de mandar para todos os gabinetes o
desabafo de um cidadão que não tinha condições de pagar antecipadamente,
mostrando essa injustiça. Todos os Vereadores receberam. Receberam também o
Prefeito e o Secretário da Fazenda.
O Sr. Ervino
Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Bernardino,
todos nós sabemos que V. Exª trabalha nessa área, é um conhecedor do assunto.
Acho que esses dados que V. Exª traz hoje ao plenário são de extrema
importância. Mas eu também vejo, Ver. Bernardino, que não há muita dificuldade
em nós sentarmos junto com o órgão responsável, que é a Secretaria da Fazenda,
e, com esses dados que V. Exª traz, mudar a data para, no mínimo, o dia 10,
conforme o Ver. Adeli também colocou no seu aparte. São importantes os dados
que V. Exª traz, extremamente importantes os dados de outros Municípios que pertencem
à Grande Porto Alegre. Muito obrigado, Ver. Bernardino.
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: Obrigado, Vereador. Esse convite também já foi
feito há vinte dias, quando mandei aquele manifesto. Agradeço, e acho, sim,
Ver. Ervino, que, se nós nos unirmos aqui, certamente faremos com que o
Secretário da Fazenda possa, talvez numa única oportunidade, ouvir os
Vereadores. Ao menos este é o meu sentimento.
O Sr. Paulinho
Rubem Berta: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero agradecer pelo
aparte e parabenizá-lo por trazer este tema. Gostaria de dizer que, a esta
luta, eu quero me somar, trazendo mais uma informação. As Áreas de Interesse
Social, em Porto Alegre, em outras palavras, as áreas onde o poder aquisitivo é
muito baixo têm que ser isentas do pagamento de IPTU. Muitas pessoas hoje estão
tirando da sua mesa para pagar o IPTU, dentro das Áreas de Interesse Social.
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: Obrigado. Outro assunto que trago é sobre um
Projeto que já está tramitando nesta Casa. Quero mostrar aqui um monumento. Não
vou entrar no mérito deste monumento, porque, se não me falha a memória, este
monumento é feito em homenagem ou em sentimento aos presos. Parece-me que é
isso, e o Ver. Adeli Sell confirma. Olhem só o cuidado desse monumento! (Mostra
fotografia.) Além deste, quero mostrar outros. (Mostra fotografias.) Qual é a
nossa pretensão? Fazer com que aqueles que propõem os monumentos os conservem.
Não adianta propor um monumento e deixar na Cidade, jogado nas praças, sem
conservação. Alguém pode dizer assim: “Ah, mas o Poder Público...” O Poder
Público já demonstrou, já está comprovado que não tem condições. A nossa
proposta é no sentido de que quem propõe os monumentos dê manutenção a eles.
Vou mostrar um outro aqui. (Mostra fotografia.)
Este, para mim, é uma tragédia! Fica perto do Gasômetro. Este aqui se chama
“Mirante”, se não me falha a memória. Agora o fecharam, mas estava à disposição
das pessoas que visitam o Gasômetro, para subir e ter uma visão melhor do
Guaíba e tal. Quem é o responsável técnico? Quem é o engenheiro, o arquiteto?
Qual é a capacidade de peso? Quantas pessoas podem subir aqui? Nós não temos! E
a nossa pretensão, Engenheiro Comassetto, é fazer com que esses projetos, além
de ficarem os seus proponentes responsáveis por fazer a sua manutenção, é que
tenha um responsável técnico por elas. V. Exª sabe que, se alguém resolver
fazer uma reforma na sua cozinha, terá que ter um engenheiro ou um arquiteto.
Nessas aqui não tem nenhum, ao menos pelo que eu tenha descoberto até hoje, não
tem.
O Sr.
Engenheiro Comassetto: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Eu queria cumprimentá-lo por trazer este tema, porque as nossas praças e
monumentos necessitam de um olhar e de uma ação imediata para que possam
atender à população. É verdade, tem que ter um responsável técnico, mas toda a
obra de arte tem um gestor político, e o gestor político que faz essa obra tem
que ser responsável por ela. Toda obra, todo monumento que é construído, nele
fica gravado o nome do Secretário que o conduziu, do Prefeito que o conduziu.
Queria cumprimentá-lo por trazer o tema. Muito obrigado.
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: Está bom. Esta outra aqui, dela eu já não falo
mais, mas eu gostaria de que o Engenheiro Comassetto a observasse; esta aqui é
de arrepiar! (Mostra fotografia.) E, para não ficar de graça, é lá do seu
Governo. Então, não adianta nós aqui mostrarmos situações e dizer que é deste
ou daquele Governo. Há Secretarias...
(Aparte antirregimental.)
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: Mas foi no período em que o seu Partido governava o
Município. Então, não é este ou aquele Partido. Está errado! Como é que alguém
instala um objeto com essa configuração, para não dizer outra coisa, e pretende
representar uma cuia? Para isso aqui, eu já disse em outras oportunidades, o
local apropriado seria Brasília, Esteio.
O Sr. Adeli
Sell: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Há questões de
estética em arte, nós temos várias opiniões! V. Exª não gosta da estética das
cuias, eu aprecio. São visões de arte. Eu proponho, inclusive, que esta Casa
faça um debate sobre arte. Eu concordo que os monumentos estão depredados, de
alguns eu questiono o valor artístico. Eu acho que é um grande debate, porque
há obras de arte em Porto Alegre que não têm valor artístico, na minha opinião,
mas alguns as têm como de grande valor artístico. Há pessoas, por exemplo, que
não gostam do Siza, o grande arquiteto português que construiu o Museu Iberê
Camargo, aqui na beira do lago Guaíba. Esse arquiteto não tem só essa obra - na
minha opinião uma grande obra de arte -, eu vi obras dele em Portugal com que
fiquei simplesmente extasiado, maravilhado. Então, é um bom debate. Eu acho que
nós temos que, na Comissão de Educação, Cultura e Esporte, fazer esse debate. Sou
parceiro, inclusive, para fazermos um debate na TV Câmara, com a aprovação da
nossa Presidência.
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: Obrigado, Ver. Adeli, pela forma como coloca a sua
posição.
O Sr. João
Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Bernardino, eu
quero voltar ao monumento a que V. Exª se referiu antes. Não é nenhuma obra de
arte de engenharia, foi uma obra de arte apresentada na Bienal, não tem
responsável técnico; os artistas acharam que era uma obra bonita. Como aqui, no
andar de baixo deste prédio, tem um tronco enorme, obra da Bienal, que estava
numa altura tal que alguém poderia bater nela com a cabeça, e nós pedimos para
levantá-la, para as pessoas poderem passar tranquilamente. Essa obra não é da
Prefeitura, e sim da Bienal, de um artista qualquer. Eu acho que não se deveria
permitir o acesso das pessoas ali, porque é perigoso.
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: V. Exª, como engenheiro, acha que não é preciso ter
um responsável técnico?
O Sr. João
Antonio Dib: Não, não é isso! Eu disse que não foi um engenheiro o responsável pela
obra, foi um artista, e os artistas não fazem cálculos. Eu, se fosse o
Prefeito, não permitiria o acesso a ela; isso a Prefeitura deve fazer.
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: Obrigado. Nós pretendemos fazer com que todos esses
monumentos, com esse tamanho, com essa importância, com toda essa estrutura,
tenham, sim, um responsável técnico. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Está encerrado o período do Grande Expediente.
Passamos à
A Srª Jeniffer Luciane Rodrigues, representando a Associação dos Moradores da Casa de
Passagem da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, está com a palavra pelo tempo
regulamentar de dez minutos, para tratar de assunto relativo à remoção, por
parte da Prefeitura, dos moradores residentes na Rua Frederico Mentz, nº 857.
A SRA.
JENIFFER LUCIANE RODRIGUES: Primeiramente, boa-tarde a todos. Nós estamos aqui,
eu com a parceria dos moradores das Casas de Passagem da Rua Frederico Mentz,
no bairro Navegantes, para reivindicar os nossos direitos. O DEMHAB quer nos
tirar de dentro das nossas moradias. Nós temos mais de cem famílias ali dentro,
e tem famílias que o próprio DEMHAB colocou ali dentro. E agora eles querem tirar.
Eles deram uma proposta do aluguel social com a cooperativa. Só que o pessoal
tem medo, nós temos medo desse aluguel social. Porque, se o DEMHAB botou as
pessoas lá dentro, quem garante que eles não vão tirar depois do aluguel
social? Nós não temos garantia nenhuma. Nós fomos até o DEMHAB, fizemos
reuniões. Numa Reunião, o Presidente do DEMHAB, o Dr. Goulart, compareceu. Só
uma. Desde então, ele não nos atendeu mais. Nós tínhamos reunião com a Drª
Bárbara, advogada do DEMHAB, mas, com ele, não. Até ele disse que ia retornar
às reuniões, mas não retornava com ele, e sim com a representante dele. E aí
nós fomos deixados de lado, porque nós não temos para onde ir. E aí eles querem
tirar as pessoas de lá, querem tirar o pessoal: “Ah, vamos tirar o Bloco 1 primeiro,
porque tem invasor”. Não é só no Bloco 1 que tem invasor. Os invasores entraram
com autorização dos guardas municipais que o DEMHAB colocou lá dentro, e agora
simplesmente eles querem tirar o pessoal de lá! Então, assim, nós temos
crianças lá. Nós já estivemos aqui, pedimos um apoio do Ver. Tessaro, porque
nós não temos a quem recorrer mais. Porque simplesmente eles estão
pressionando, dizendo que, se nós não aceitarmos as propostas deles,
simplesmente eles vão chegar lá e despejar todo mundo. O dia 10 agora, tem
ordem de despejo para nós, e nós não temos para onde ir. Se nós tivéssemos para
onde ir, nós não estaríamos lá dentro. Tenho aqui um boletim especial do
Humaitá que diz aqui (Lê.): “Mobilização suspende despejo. No final do ano de
2009, os moradores das 127 casas de passagem viveram momentos de grande aflição
ao serem informados de uma ordem de despejo movida pela Direção do DEMHAB.
Graças à mobilização de algumas lideranças da região, dentre elas destacamos o
Sr. Remo Silveira, da Associação Arco-Íris, foi possível garantir às famílias
seu direito à moradia e sua permanência no local”. Se eles estão falando das
casas de passagem da Rua Frederico Mentz, isto aqui é mentira. Porque até agora
nós não tivemos nenhuma liderança que foi lá dentro nos dar um braço, um apoio
lá dentro. Nós não tivemos ninguém lá. Nós não tivemos aqui advogado. Como diz
aqui (Lê.): “Lideranças e moradores buscaram apoio [político] e conseguiram um
ônibus para se deslocarem até a Prefeitura e a Câmara de Vereadores”. Nós
viemos até a Prefeitura, e nós, os moradores que recorreram para conseguir
ônibus, e vim aqui pedir uma ajuda. Porque nenhuma liderança foi lá. Aqui diz,
continuando: “onde protestaram publicamente, mostrando a situação das famílias
que ficariam desabrigadas. Remo conseguiu também que um advogado,
gratuitamente, acompanhasse o processo para pedir a suspensão da ordem de
despejo. Graças à união e mobilização dos moradores, foi garantida a
permanência nas casas de passagem até que haja uma solução definitiva para a
comunidade, ficando a ordem de despejo provisoriamente suspensa”.
Foi suspensa, mas, quando a gente vai lá nas
reuniões, a Drª Bárbara diz que o processo ainda está correndo. Quando houve a
primeira tribuna que tivemos aqui, ela disse: “Não, nós vamos suspender o
processo”. Quando nós chegamos lá na Reunião, simplesmente ela disse: “O
processo ainda continua correndo”. Tal dia vai ter a ordem de despejo. Ficou
todo mundo desesperado lá, sem ter para onde correr. Eles tiveram a capacidade
de dizer para nós: “Nós temos uma proposta para vocês. Nós fizemos umas casas
de emergência, e vocês vejam uns terrenos de uns vizinhos, de uns parentes, ou
quem não for daqui vá embora para a sua cidade”. Quer dizer então que quem não
é daqui de Porto Alegre não pode morar aqui? E aí a gente fala que não tem para
onde ir. Se nós tivéssemos, nós não estaríamos aqui dentro. Nós precisamos de
ajuda lá dentro, nós viemos aqui para pedir ajuda. Nós não temos aonde botar as
nossas crianças. Nós estamos desesperados, porque a qualquer momento eles podem
chegar lá e tirar nós de lá de dentro. O dia 10 está marcado despejo.
Deixam como está? Então, a gente vai lá, procura
uma solução, há reuniões todas as semanas, gastamos passagem, deixamos os
nossos filhos em casa, deixamos tudo, abandonamos tudo, para chegar lá e,
simplesmente, dizerem: “Tal dia tu vais para a rua?” Que liderança do DEMHAB é
essa? Sendo que foi dito pelo Dr. Goulart que ele não ia deixar 200 crianças na
rua, que ele não ia fazer isso, e, quando a gente pede reunião, ele não
comparece.
(Manifestação fora do microfone. Inaudível.)
A SRA.
JENIFFER LUCIANE RODRIGUES: Diretamente do Prefeito, pelas áreas deles. Nós
temos a Ata das reuniões e quem quiser, pode vê-las. Nessa Ata colocamos o que
é dito, eles não assinam porque não querem. Mas é muito engraçado, porque,
quando vamos lá, nós temos que assinar os papéis, eles não podem assinar a
nossa Ata, sendo que eles leem a nossa Ata depois das reuniões e não querem
assinar. Por quê? Porque eles não querem se comprometer com o que está escrito
ali. Quer dizer que nós temos que nos comprometer, e eles não podem. Eles não
podem, simplesmente, assinar um papel ali? Nós temos palavras ditas pelo Dr.
Goulart, em Ata. Nós estamos aqui, simplesmente, pedindo ajuda.
Aqui, neste Boletim, consta que Lideranças foram
lá. Isto aqui é mentira. Se estão falando das casas de passagem da Rua
Frederico Mentz, isto aqui é mentira; nós não tivemos liderança nenhuma lá
dentro. Inclusive, a Drª Bárbara disse que ela não tem obrigação com os
invasores, ela tem obrigação com os cadastrados do PIEC. Eu perguntei a ela o
seguinte: Por que tu não tens obrigação? Por que o DEMHAB não tem obrigação,
sendo que a Guarda Municipal, que estava lá, que deixou o pessoal entrar,
disse: “Entrem, ninguém vai tirar vocês aqui de dentro; quando vocês saírem
daqui, vão sair direto para as suas casas”. E aí ela disse que simplesmente vai
ficar por isso mesmo, que eles estão sendo punidos. Quer dizer, então, que os
invasores também têm que ser punidos?
Nós não temos mais respostas; simplesmente queremos
uma moradia lá dentro. Se eles se conscientizarem e puderem fazer umas casas -
já que eles querem o Bloco 1, que tirem o pessoal do Bloco 1 e coloquem, então,
nas casas de emergência, nos fundos das casas de passagem, onde há um terreno
onde cabem essas 27 famílias do Bloco 1. Depois, eles querem ir tirando o Bloco
1, o 2, o 3. Sai o Bloco 1, e aí eles colocam num local fixo, nas casas, de
preferência. O pessoal está com medo do aluguel social, porque, se o DEMHAB
botou pessoas ali dentro, tem medo que o DEMHAB tire. A Drª Bárbara disse que
iríamos ter um ano de aluguel social, sendo renovado a cada seis meses e que,
quando fôssemos para o aluguel social, ela iria levar perante para o juiz e
assinar todos os papéis para podermos passar para as casas do aluguel social. E
que garantia ela e o DEMHAB têm para nos dar em relação às casas? Eles não têm
garantia nenhuma! Eu só peço ajuda e colaboração, porque estamos sozinhos lá
dentro. Peço a conscientização das pessoas. Nós estamos lá esperando ajuda do
pessoal, das nossas lideranças. Muito obrigada pela colaboração. Muito obrigada
ao Dr. Tessaro. Vamos esperar que alguma coisa seja feita lá e que nós não
vamos para a rua, que a gente tenha o direito a uma moradia digna.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Convido a Srª Jeniffer Luciane Rodrigues para fazer
parte da Mesa.
O SR. VALTER
NAGELSTEIN (Questão de Ordem): A modalidade é de Comparecimento?
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Não, é Tribuna Popular.
O SR. VALTER
NAGELSTEIN: E o DEMHAB foi convidado?
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Não, no período de Tribuna Popular, não se convida
as Secretarias, apenas o representante da associação se manifesta, e cada
Bancada tem dois minutos para se manifestar.
O SR. VALTER
NAGELSTEIN: Sugiro que a CUTHAB tome parte nesse processo, e acho importante que o
DEMHAB se manifeste e traga as suas razões.
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Ver. Valter, isso aí foi um tema do ano passado, eu
lembro que foi discutido no Plenário. Depois, vou verificar se a CUTHAB tem
esse Processo, porque já foi discutido na CUTHAB, e verificar o andamento, como
ficou essa situação. Eu me lembro que foi pelo mês de outubro, acredito, que
houve uma discussão desse tipo, só não sei o resultado. Agora há um novo
Presidente, o Ver. Elias; então vamos ver como está. Ou, de repente, vamos
buscar as Secretarias em questão, e, na Sala da Presidência, com a comunidade,
tentar fazer uma equação e resolver a situação desses moradores.
A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
A SRA.
FERNANDA MELCHIONNA: Sr. Presidente; Srª Jeniffer, da Associação de
Moradores, no nome dela saúdo todos vocês. Quero dizer duas coisas, antes de ir
para os encaminhamentos. Jeniffer, primeiro, o absurdo que é a gente ver a
Prefeitura desapropriar terrenos, ou seja, despejar pessoas que estão em
terreno público municipal. Isso é um absurdo completo, porque aquelas pessoas
não foram colocadas ali por sua vontade; a maioria saiu da Vila Liberdade, se
eu não me engano, porque era área de risco, e disseram: “Fiquem na casa de
passagem até o PIEC trocar e dar uma moradia digna para essas pessoas”. E nada
foi feito. Agora, a Prefeitura quer despejar aqueles que foram tirados das suas
casas com a promessa de uma nova casa.
(Manifestação fora do microfone. Inaudível.)
A SRA.
FERNANDA MELCHIONNA: A maioria, sim. Em segundo lugar, nós
participamos, em outubro, da reunião da CUTHAB. O conceito de invasor, qualquer
que seja, mesmo para as pessoas que vieram da Vila Liberdade ou de outras
comunidades regulares, não pode ser usado no caso da moradia popular. Uma
Cidade com 50 mil pessoas que não têm onde morar não pode tratar com situação
de despejo aqueles que não têm casa, e, sim, com políticas públicas de inclusão
social, de moradia digna, de olhar para o povo da cidade de Porto Alegre.
(Palmas.)
Eu queria dizer, Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras, que nós fizemos aqui a reunião, no ano passado, quando ficou encaminhada
uma negociação com a CUTHAB. O Ver. Engenheiro Comassetto me comunicava que
houve a reunião e que seria apresentada uma solução aos senhores e senhoras que
estão aqui hoje nos assistindo. Bom, a solução não saiu do papel, e a solução
que nos aparece é um despejo judicial com todas as tristezas que ele traz.
Eu queria fazer um encaminhamento imediato, para
já, Presidente Nelcir Tessaro, que, em nome da Casa, V. Exª entre em contato,
imediatamente, com o DEMHAB e peça que não haja nenhum despejo, e, se for
necessário, que cada Vereador, que cada Vereadora esteja lá, na quarta-feira,
para proibir o despejo. (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Luciano Marcantônio está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
O SR. LUCIANO
MARCANTÔNIO: Obrigado, Presidente Tessaro. Parabéns, Jeniffer, pela tua manifestação
muito clara e muito correta. Quero saudar também os demais moradores da casa de
passagem. Conheço bastante a situação, não só a de vocês, como a de toda
Região. Esta Casa, tenho certeza, vai defender que não ocorra o despejo, mas,
pelo menos antes, tem que ficar muito bem esclarecido quais são os moradores
que têm direito, que estão na casa de passagem, e separá-los daqueles que não
têm direito, como vocês mesmos colocam, também moradores ali da casa de
passagem e que são invasores.
Eu sugiro que, através do Líder da Bancada do PTB -
que é do Partido do Dr. Goulart, Diretor-Geral do DEMHAB, o Ver. Nilo -, seja
encaminhada a proposta de se fazer uma triagem junto aos moradores, através do
DEMHAB, com a presença de alguns Vereadores desta Casa, para que não se cometam
injustiças, já que vocês estão em uma casa de passagem que é administrada, que
é gerenciada pelo Poder Público Municipal. Então, simplesmente, fazer o despejo
de moradores das casas de passagem não é a melhor solução. Este é o nosso
dever, e o dever da Bancada do PDT - com os Vereadores Thiago Duarte, Tarciso,
Ervino Besson e Mauro Zacher, meu Líder -, que está à disposição para participar
desse diálogo junto ao DEMHAB, respeitando o Líder da Bancada do PTB, o Ver.
Nilo Santos.
Agora, é importante ressaltar que há pessoas que,
mesmo ludibriando a Guarda Municipal, que estava ali presente, entraram e não
têm direito nenhum; e há pessoas que têm muito direito e estão lá dentro, e
essas não podem ser injustiçadas. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Toni Proença está com a palavra, nos termos
do art. 206 do Regimento.
O SR. TONI PROENÇA:
Sr. Presidente, Ver. Nelcir Tessaro; Jeniffer, que representou aqui a
comunidade, eu gostaria de fazer uma retrospectiva desse processo: em 2007, se
não me engano, essas pessoas que estavam com suas casas alagadas, em função de
uma forte chuva, ocuparam a casa de passagem; de 2007 até hoje, nós todos,
Poder Público Municipal, Vereadores - eu ainda não era Vereador, mas os
Vereadores - lutaram para que ninguém fosse desalojado - e eu reconheço aqui
alguns rostos que me vêm à memória daquela época. Então, até hoje, nós todos
lutamos - e essa justiça tem que ser feita - para que ninguém saísse de lá
antes de aparecer e de se construir uma solução para realocar essas famílias.
Então, lembro que uma das soluções sugeridas, na época, era de que o DEP faria
uma obra que possibilitasse a volta dessas famílias para casa.
Sinceramente, não acompanhei depois; mas o que sei
é que, até hoje, ninguém foi desalojado da Casa de Passagem. E, agora, a
comunidade está reivindicando que isso se mantenha assim, ou seja, que aquele
acordo anterior seja mantido, para que as pessoas não sejam retiradas da Casa
de Passagem até que se construa uma solução. Então, é o que está posto, e, pelo
que sei, não existe nenhuma possibilidade de, na quarta-feira, haver uma
remoção dessas famílias.
O Diretor do DEMHAB, o Dr. Goulart, e também o
Prefeito José Fogaça não teriam a insensibilidade de colocar as pessoas na rua.
Se alguém pensou nisso, certamente, o Prefeito, ao ouvir isso hoje, vai mudar
de ideia, mas isso não quer dizer que não fiquemos, aqui, atentos e vigilantes
para que isso não aconteça.
Tenho certeza de que a Câmara de Vereadores, em
parceria com a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, não vai permitir isso.
Precisamos é retomar o caminho da construção da alternativa.
O Ver. Tessaro, quando foi Diretor do DEMHAB,
construiu com a comunidade uma alternativa de construção numa parte do terreno,
para que se pudesse reconstruir as Casas de Passagem, e transformar num
loteamento para que acomodasse mais pessoas.
Temos de militar nesse caminho. E tenho certeza de
que o Ver. Valter Nagelstein, Líder do Governo, deve estar informando o fato ao
Prefeito; e, vamos combinar, o Prefeito José Fogaça não fez reintegração de
posse, pra não dizer que não fez nenhuma, foi traído por um funcionário, e
cinco famílias foram desalojadas aqui no Centro e, depois, foram reconduzidas
ao mesmo local. Nenhuma reintegração de posse que não tenha sido renegociada
com a comunidade.
Portanto, trago uma palavra de tranquilidade: tenho
certeza de que não será agora que isso irá acontecer. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra,
nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR.
ENGENHEIRO COMASSETTO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras; comunidade da Casa de Passagem que, infelizmente, retorna a esta
Casa meio ano depois da Audiência Pública que fizemos aqui sobre o mesmo tema.
Vereador Toni, quero dizer a V. Exª que o Prefeito
José Fogaça já sabe desse assunto deste setembro do ano passado, quando fizemos
uma Audiência Pública, nesta Casa, e tiramos um encaminhamento - e, naquele
momento, tive o prazer de, em nome da CUTHAB, coordenar a reunião que, agora, é
coordenada pelo Ver. Elias Vidal, e as pastas estão todas lá -, e qual foi esse
encaminhamento, qual foi o problema, Ver. Toni? O problema foi que, em 2008, o
DEMHAB entrou com uma ação na Justiça para o despejo de alguns moradores;
portanto, a Gestão Fogaça entrou na Justiça para o despejo. No ano passado, a
Justiça determinou a reintegração de posse, e outro Secretário do DEMHAB está
disposto a executar a reintegração de posse, mas, neste Plenário, foi feito um
acordo - com a presença da Advogada Carla e da Advogada Bárbara, coordenadoras
do gabinete do Dr. Goulart -, de que seria sustada a reintegração de posse, e
apresentaríamos uma proposta de reassentamento dessas famílias. Casa de
Passagem é de passagem, não é lugar definitivo; portanto, deve ter um projeto
para o reassentamento dessas famílias.
Como o impasse continua, e é um problema do Governo
José Fogaça, ele criou, e ele continua gestando esse problema. E nós precisamos
dizer isso, Ver. Valter.
E, desde setembro do ano passado, esta Casa
encaminhou os documentos ao Governo José Fogaça para resolvermos o problema
junto com a comunidade. Aconteceram várias reuniões, mas nada de soluções.
Portanto, Ver. Tessaro, V. Exª, que preside esta
Casa e conhece bem o problema, sugiro que este problema seja enfrentado pela
Presidência da Casa, que convide o DEMHAB, imediatamente, a estar presente
nesta Casa, e as Comissões afins - CUTHAB, CECE, porque há crianças, idosos,
portadores de deficiências -, e juntos recebamos o DEMHAB, apresentando uma
solução, suspendendo, imediatamente, a reintegração de posse. E que seja feito
o que ficou prometido anteriormente: o projeto de moradia para aquela população
da Casa de Passagem. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Nilo Santos está com a palavra, nos termos
do art. 206 do Regimento.
O SR. NILO
SANTOS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras; senhores e
senhoras que nos acompanham, eu peguei, rapidamente, algumas informações e
prometo me aprofundar mais no assunto, mas quero esclarecer para a Srª Jeniffer
que o DEMHAB não está presente, porque estamos numa Tribuna Popular, e não
houve convite para o DEMHAB, porque não há necessidade da participação do
DEMHAB neste momento. Este espaço é para o desabafo da comunidade. O DEMHAB,
neste momento, está reunido com a Caixa Econômica e com o Ministério das
Cidades também.
Quanto a não poder despejar alguém de um espaço
público, quero dizer para a Verª Fernanda que uma praça é um espaço público;
daqui a pouquinho, as pessoas podem invadir aqui e acampar aqui, e nós não
podemos mais retirá-las. Não é bem assim; tem que ter ordem, chega desse
negócio de invasão, as pessoas precisam trabalhar com organização.
É claro que todos têm as necessidades, as pessoas
necessitam de moradia, nós sabemos disso, as pessoas necessitam, mas não é
invadindo, não é assim.
Srª Jeniffer, não é agredindo o DEMHAB que nós
vamos conseguir construir; o DEMHAB, neste momento, tem que ser um aliado de
vocês, é um braço para resolver o problema. Não vai ser com algum tipo de
ranço, com ódio que a gente vai conseguir construir, porque isso faz com que o
DEMHAB se aproxime e aja um entendimento.
Neste momento, não há data estimada para o despejo,
só que, enquanto a comunidade estiver lá, na Casa de Passagem, 1.600 famílias
estão aguardando, porque 1.600 famílias ainda precisarão passar pela Casa de
Passagem, para que as obras sejam realizadas. Enquanto houver esse impedimento,
nós tivermos esse impedimento, essas 1.600 famílias não poderão passar por lá,
as obras não continuarão naquela região.
Então, assim como os senhores estão necessitados,
outras famílias necessitadas também estão no aguardo de uma resolução, por isso
que esta questão vai ter que se resolvida com toda a calma.
Como Líder do PTB, que é o Partido que hoje está à
frente do DEMHAB, coloco-me à disposição, nossa Bancada se coloca à disposição,
todos os Vereadores, esta Casa está à disposição, para nós sentarmos com o
DEMHAB e tentarmos construir a melhor alternativa para que todos, então, sejam
contemplados. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Paulinho Rubem Berta está com a palavra,
nos termos do art. 206 do Regimento, pelo Governo.
O SR. PAULINHO
RUBEM BERTA: Sr. Presidente; todos que nos assistem e nos escutam, eu estive com o
Ver. Brasinha, em nome da CUTHAB, no DEMHAB, com o Secretário Goulart, que
recebeu a maioria das lideranças da ocupação da Casa de Passagem. O que
acontece é o seguinte: para as pessoas, 1.600 famílias, poderem ter a sua casa
do PIEC - Programa Integrado Entrada da Cidade -, a Casa de Passagem tem que
servir como “casa de passagem”, não como casa permanente.
O que foi acordado naquele dia? Eu estava presente,
estava o Ver. Brasinha, todas as lideranças também estavam lá, e a grande
maioria concordou com isto. O DEMHAB iria fornecer - e assumiu o compromisso
com o Secretário, na mesa - uma casa de emergência para aquelas pessoas que
estavam ocupando, irregularmente, vamos dizer, a Casa de Passagem, e a maioria
teria que procurar um abrigo, uma área que fosse de um parente. E o DEMHAB
também assumiu o compromisso de buscar a compra de um terreno para, depois,
retirar essas pessoas que lá estavam. Esse foi o acordo firmado com o DEMHAB.
Em momento algum, o Secretário Goulart, da Habitação, se negou a participar de
negociação, se esquivou disso. Muito pelo contrário, chamou o jurídico todo e
colocou à disposição.
A grande realidade é o seguinte: 127 famílias -
hoje, e nós temos que ser realistas -, estão impedindo que 1.600 famílias
adquiram a sua casa própria.
É complicado isso? É complicado. Sou a favor da
moradia? Sou, mas é o seguinte: tem que exigir o que foi acordado lá, e não
pode se desmanchar um acordo hoje, se criar outro amanhã e, depois de amanhã,
outro.
E não foi falado o seguinte: seria assegurado, como
foi, o despejo das 127 famílias. Tem que ser exigido do DEMHAB, repito: as
Casas de Emergências, e não podem mudar da noite para o dia as lideranças.
Conversa-se hoje com uma liderança; amanhã, se conversa com outra; uma acena e
aceita, a outra vem e não aceita mais, muda-se o projeto todo.
Ora, tem que oficializar isso! Tem que fazer
cumprir o que foi tratado na mesa de negociação e assinado em ata, lá no
DEMHAB, e nenhuma vez o Governo ....
(Aparte antirregimental.)
O SR. PAULINHO
RUBEM BERTA: Muito bem, faça a circular, faça a circular, e se cumpra o que está na
ata. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Por gentileza, silêncio. Sras e Srs.
Vereadores, nós ouvimos os Vereadores que se manifestaram, ouvimos a Srª
Jeniffer. Por favor, solicito silêncio, temos um Vereador na tribuna, estou
mantendo o seu tempo, Vereador. Verª Sofia, por favor, temos um Vereador na
tribuna. O auditório é pequeno, este plenário é pequeno, e qualquer conversa
que acontecer nos fundos se ouve. Peço silêncio também dos moradores, para que
possamos ouvir enquanto estiver um orador na tribuna, senhoras e senhores, para
que possamos ouvi-lo.
O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Sras e Srs. Vereadores,
a Tribuna Popular instituída nesta Casa regimentalmente tem sido, ao longo do
tempo, um instrumento válido para a participação popular. Em poucas Casas
Legislativas deste País, ou quem sabe do mundo, existiria uma situação de que a
integralidade de uma Casa ficaria, por um longo tempo, ouvindo uma
reivindicação bem colocada pela liderança comunitária que aqui ocupou a Tribuna
Popular. Mais do que isso, informo aos inúmeros participantes do debate
deflagrado pela participação da nossa líder comunitária que este assunto vem
sendo tratado pela Casa há mais tempo, afirmo, desde 1997, ou melhor, 2007,
quando, Verª Fernanda, nós dois aqui não nos encontrávamos.
Mas o que relevo a dizer nesta hora é o seguinte: é
provável que, na ânsia de se produzir acerto, às vezes a gente forme algumas
conclusões. Observo que várias iniciativas isoladas, patrocinadas por
determinado grupo de Vereadores, têm tentado se colocar diante deste problema
que realmente é preocupante. O ex-Presidente desta Casa, Ver. Sebastião Melo, a
quem eu homenageio nesta hora, dizia que esta Casa, mais do que ser uma Casa
Legislativa, era uma “casa de mediação”, mas a mediação, que é uma forma
democrática de se aproximar e administrar interesses conflitados, precisa ser executada
dentro de algum critério. Por isso eu quero, com toda a tranquilidade, dizer o
seguinte: existem alguns Vereadores nesta Casa, entre os quais eu me incluo,
que, de certa maneira, são alijados no encaminhamento desses processos. Nós,
que integramos a Comissão de Constituição e Justiça da Casa, ficamos
soterrados, opinando sobre centenas de Projetos que aqui tramitam e não
participamos dessas audiências que, em paralelo, se realizam. Depois nós temos
que ouvir o seguinte: a Casa decidir. Não, para aí um pouquinho! Eu não decidi
nada. Pela primeira vez, oficialmente, eu tenho contato com este assunto. O
Ver. Nilo, que é o meu companheiro na Comissão de Constituição e Justiça
também. Então, eu quero dizer, com toda a responsabilidade que o mandato me confere,
às pessoas que aqui estão reivindicando que àquilo que for exequível, justo e
adequado, a Casa não vai faltar, porque, daqui para diante, eu também faço
parte das pessoas que estão ocupadas em apresentar uma solução para isso.
Quero, Sr. Presidente, dizer o seguinte: acho que,
quando houver matéria que envolve despejo, desocupação, litígios de ordem
jurídica, a Comissão de Constituição e Justiça desta Casa tem que falar, porque
chegam aqui e dizem: “Olha, fizeram um acordo”. Não se faz acordo em processo
judicial dentro de gabinete de Executivo do Município; acordo judicial se faz
nos autos, ou então não há acordo; o que tem é uma sentença não executada por
concordância das partes ou então exigindo a sua concordância. É pouco tempo
para um assunto tão sério para quem, pela primeira vez, com o assunto vem tomar
contato.
Quero, Ver. Nilo Santos, me solidarizar com V. Exª,
e entro, aceito a sua condução como Líder do Partido que tem responsabilidade
pelo DEMHAB de hoje e de ontem. Tenha V. Exª a certeza de que eu estarei ao seu
lado para nós encontrarmos a melhor, a mais justa, a mais legal e a mais
adequada solução para esse assunto.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): A Verª Maria Celeste está com a palavra, nos termos
do art. 206 do Regimento, pela oposição.
A SRA. MARIA
CELESTE: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, Srª
Jeniffer, aqui representando a comunidade; Sras e Srs. que aqui
estão conosco nesta tarde, primeiro, nós queremos estranhar que, mais uma vez, a
mesma comunidade precise de socorro sobre o mesmo tema nesta Casa Legislativa.
Parece-me, Sr. Presidente, que o que foi discutido na Tribuna, o que foi
discutido na CUTHAB, os encaminhamentos que foram feitos, inclusive com os
relatos dos Vereadores - Ver. Paulinho Ruben Berta, que esteve na reunião junto
com o Ver. Brasinha -, parece que nada do que foi acordado com a comunidade foi
cumprido até agora, e, portanto, é por isso que a comunidade está aqui presente
hoje, mais uma vez. E nos causa estranheza, Verª Fernanda Melchionna, que uma
desocupação de área dessa forma, da autoria da gestão municipal, não é uma
questão do DEMHAB, isso é uma questão do Prefeito, da gestão municipal de Porto
Alegre, pedindo uma reintegração de posse para desalojar as famílias que estão
lá num momento de transição, numa Casa de Passagem. Causa-me estranheza que o
Gestor público, que é convocado para resolver os problemas de habitação da
Cidade, em várias questões de despejo na nossa Cidade, neste caso, se omite. O
Prefeito Fogaça se omite, como Gestor público, querendo a reintegração de posse
de uma Casa de Passagem e coloca essas pessoas na rua com a desculpa de que se
precisa deste espaço para reassentar 1.600 famílias? Parece-me ilógico e
incoerente com a gestão pública de uma cidade, com o compromisso de um gestor
público da Cidade! Aqui, parece-me que não é só responsabilidade do Dr.
Goulart, do DEMHAB; parece que a responsabilidade é do Prefeito. Para que se
tem uma política habitacional na Cidade? Para que se criou a Casa de Passagem?
Os Vereadores que já foram Secretários sabem muito bem: para reassentar as
famílias. E, portanto, o Gestor público, e o Sr. Ver. João Antonio Dib, que foi
Prefeito desta Cidade, sabe o que é o mediador dos conflitos nestas questões,
que o Judiciário ouve, sim, o Prefeito, ouve o Gestor público para a solução
dos problemas, especialmente na área política.
Então, senhoras e senhores, e especialmente a Srª
Jeniffer, para concluir, os senhores estão novamente no lugar correto, para
discutir, para cobrar. Mas, Sr. Presidente, urge que a retomada dos trabalhos
seja realizada. A CUTHAB tem que ser convocada, a CCJ tem que ser convocada;
também a Comissão de Direitos Humanos, porque mulheres e crianças vão ficar na
rua. Como fica a vida dessas pessoas?
Imediatamente, esta Casa tem que tomar uma posição. E não é uma questão só do
DEMHAB; esta é uma questão de gestão pública. Qual é a solução que o Prefeito
vai dar no problema habitacional da cidade de Porto Alegre? Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Nós ouvimos os Vereadores de todas as Bancadas,
ouvimos a Srª Jeniffer Luciane. Eu tenho certeza de que o Prefeito José Fogaça
disse que, em sua gestão, jamais faria nenhuma desocupação, e cumpriu isso até
o presente momento, e tenho certeza de que cumprirá e que isso não vai
acontecer.
Nós entendemos, também, que existe, sim, espaço
dentro da Casa de Passagem para a sua construção, porque, quando lá estive,
isso presenciei. Acho que esse encaminhamento poderá acontecer. Nós vamos
chamar para uma reunião aqui, na Câmara Municipal, na Presidência, com a
CUTHAB, com a CCJ, com a Coordenação do PIEC, mais o DEMHAB e também a
comunidade, para que possamos dialogar. Nós temos certeza de que jamais o
Executivo fará uma reintegração de posse em famílias que estão em seus próprios
municipais. Temos certeza de que a palavra do Prefeito será cumprida e, assim,
nós queremos tranquilizar as famílias, dizendo que esta Câmara, nós,
Vereadores, estaremos sempre vigilantes.
Também quero salientar que esta Presidência é
democrática, e nós vamos sempre dar oportunidade a todas as tribunas populares
que assim pedirem e que se sintam ameaçadas. Nós entendemos que nós estamos
aqui para legislar para o povo, não para Partido A, B ou C. E, assim, faremos
sempre.
Estou sendo comunicado de que o Vereador e Diretor
do DEMHAB está na Casa e, talvez, no saguão, possa até fazer uma reunião com a
comunidade e buscar uma solução. Mas digo, diante da promessa do Aluguel
Social, que pode onerar os cofres, talvez o melhor seja construir dentro da
própria Casa de Passagem em um terreno que há nos fundos; tranquilamente ali
podem ser construídas 30 habitações e, assim, tranquilizar as famílias, porque
o PIEC é um Projeto também que não pode parar. Mas não é por justificativa de
uma coisa ou outra que famílias tenham que perder o seu teto. O teto é a
prioridade. Assim, nós vamos suspender a Sessão por um minuto.
O SR. ELIAS
VIDAL: Sr. Presidente, diante da urgência e da grande importância deste problema,
temos que achar uma solução e sugiro - na condição de Presidente da CUTHAB, com
alguns colegas da Comissão, o Ver. Comassetto, o Brasinha e outros - que
amanhã, às 14h30min, quando vai ser a retomada dos trabalhos da CUTHAB, nós já
colocássemos na pauta este assunto para ajudar, com a própria Câmara de
Vereadores e a Secretaria de Habitação.
Eu quero, aqui, já fazer um convite para as
Lideranças. Nós vamos, ainda hoje, tentar um contato com a Secretaria de
Habitação, ver quem pode vir de lá, para que a gente retome ,de uma forma
oficial, no papel adequado da Comissão, que é o de intermediar conflitos.
Então, neste momento, vou para o gabinete e vou pedir para o pessoal começar os
trabalhos, com o apoio dos Vereadores que fazem parte desta Comissão e, para os
outros Vereadores mais que queiram participar, Verª Fernanda, está aberto,
porque esta luta é de todos. A habitação, dormir melhor, dormir bem, é uma
questão de qualidade de vida, de segurança. Por isso, Sr. Presidente, nós nos
colocamos à disposição nesse sentido, e muito obrigado também pelo seu apoio
como Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Obrigado, Ver. Elias. Quero lhe cumprimentar pelo
pronto atendimento. Eu acho que esta Câmara, como disse o Ver. Pujol, pode
mediar e também buscar soluções por si só, por seus Vereadores.
Agradecemos a presença de todos aqui. A senhora
representante da Associação pode contar sempre com a presença dos Vereadores ao
lado das comunidades, porque é dever cívico da Câmara Municipal atender a toda
a população.
Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h27min.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro – às 15h28min): Estão reabertos os trabalhos da
presente Sessão.
Apregoo Requerimento de autoria dos Vereadores
Pedro Ruas e Fernanda Melchionna, que solicita a retirada da Ordem do Dia, nos
termos do art. 81 da LOM, do PLCL nº 016/09.
Apregoo Requerimento de autoria do Ver. Haroldo de
Souza, que solicita a retirada da Ordem do Dia, nos termos do art. 81 da LOM,
do PLL nº 247/05.
Apregoo Requerimento de autoria do Ver. Mauro
Pinheiro, que solicita a retirada da Ordem do Dia, nos termos do art. 81 da
LOM, do PLCL nº 004/09.
A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
A SRA.
FERNANDA MELCHIONNA: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs.
Vereadores, venho em nome do PSOL, Ver. Pedro Ruas e desta Vereadora que vos
fala, constatar, de uma certa maneira, o óbvio. Hoje, quem pegou ônibus para se
deslocar até aqui, por exemplo, já pagou uma passagem mais cara. Hoje, todos os
porto-alegrenses da Cidade começaram a pagar R$ 2,45 para poder se deslocar, um
direito garantido pela Constituição, que, evidentemente, virou objeto de lucro.
E para isso, nós temos dois grandes responsáveis. O primeiro, a sede de lucro
dos empresários, que ano após ano, aumentam o custo do ônibus acima da
inflação. Nos últimos doze anos, foram quase 500%, Ver. João Antonio Dib, de
aumento do transporte coletivo, enquanto a inflação que determina o
salário-mínimo foi menos do que 250%, ou seja, enquanto o salário-mínimo
aumenta 4%, o ônibus aumenta 8%, e quem está pagando é o povo. Mas isso é
evidente, porque, quando o transporte virou objeto de lucro, os empresários,
ano após ano, querem ganhar mais, mas não haveria aumento se não tivesse o
aval, a assinatura, a defesa política do Prefeito Municipal, porque, ano após
ano, o Prefeito Fogaça pega a sua caneta e responde à sede de lucro do capital,
dos donos das empresas coletivas do transporte coletivo, que, como diria o Ver.
Pedro Ruas, é um dos objetos de maior lucro e também de maior sem-vergonhice.
O Prefeito, certamente, não deve andar de ônibus
para saber do impacto que esse aumento tem no bolso da população. Ele está
preocupado, Ver. Adeli Sell, em responder à planilha do empresário que
apresenta lá, ano após ano, a sua planilha que garante 6% de lucro, que
responde aos seus interesses. Mas o Prefeito não olha a planilha do
trabalhador, não olha o custo do arroz, não olha o custo do feijão, não olha o
custo da energia elétrica que aumenta no bolso de todos os pagantes. O Prefeito
fica preocupado em responder aos anseios do capital, dos transportes coletivos.
E, neste caso, os empresários, que têm como objeto
o lucro e que também, evidentemente, não andam de ônibus - aliás, devem andar
de carro bem caro -, não têm compaixão pela população; nem no aumento do
transporte, que é abusivo, e nem na qualidade, porque todo o mundo sabe o que o
povo passa durante 40 minutos para esperar um ônibus. Todo o mundo sabe que às
6, às 8 horas da manhã, a gente vai como sardinha enlatada para o trabalho,
pagando caro por um transporte de qualidade duvidosa. E agora, com esses R$
2,45, que, mais uma vez foi acima da inflação, o Prefeito está tirando da mesa
do trabalhador, de uma pessoa que pega um ônibus por dia para ir e voltar do
trabalho, tirando o domingo, tira de uma pessoa isso aqui de pão. (Mostra dois
pacotes de pãezinhos.) O Prefeito tira da mesa dos contribuintes não só estes
30 pãezinhos, que são uma refeição por dia; tira mais, porque cada família tem
quatro ou cinco pessoas que dependem do transporte coletivo. Diz uma máxima que
os empresários fazem milagre, transformam um direito em vinho; ou seja,
transformam da água para o vinho. Transformam o direito de ir e vir, que é
garantido para todos, numa forma de enriquecer enormemente! E essa é a lógica
das grandes empresas de qualidade duvidosa, as que sacaneiam, ou não, as
licitações.
Agora, o Executivo Municipal, que deveria atentar
para o custo de vida da população, não atenta nem, como diria Jesus, para a
melhor forma de repartir o pão. Estes pãezinhos vão para a mesa dos
empresários, tirados do bolso de cada um de nós. E o povo vai seguir pagando
altíssimo por um transporte de qualidade duvidosa, que aumenta acima da
inflação e que é um abuso no bolso de cada um de nós. Auditoria já nessas
contas! E mobilização para que um dia a Prefeitura olhe para o pão do
trabalhador, e não para a conta bancária do empresário!
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Nelcir Tessaro; Sras Vereadoras e Srs.
Vereadores, eu tenho um profundo respeito por todos os meus colegas, tenho um
profundo respeito pela população porto-alegrense. Agora, eu também tenho
experiência. Eu não faço críticas pela crítica. Ninguém está impedindo um
Vereador desta Casa de examinar os estudos que levaram a Secretaria Municipal
de Transportes a estabelecer a tarifa. Ao Prefeito cabe apenas fazer um
decreto, e ele o fez dentro de um valor abaixo do salário-mínimo. Não foi acima
do salário-mínimo, foi abaixo da reposição do salário-mínimo. Mas eu quero
dizer o seguinte: eu acredito que o estudo já está na Casa - se não está,
chegará hoje, porque todo o material com estudo de tarifa sancionado pelo
Conselho de Transporte e depois decretado pelo Prefeito vem para a Casa -; nós
temos acesso a ele e podemos examiná-lo. O direito de ir e vir não está
prejudicado por ninguém! A minha querida Verª Fernanda trouxe dois pacotes de
pães, mas, na verdade, não dá para comprar tudo aquilo com R$ 2,45. Não dá!
Eu quero dizer uma coisa: eu fui Secretário de
Transportes por duas vezes; eu fiz reposição no custo tarifário, eu discuti com
a população, eu fui lá. Quando eu fui Prefeito, a Câmara entendeu de legislar e
fez com que as tarifas fossem sancionadas pela Câmara. Foi um desastre
completo! A Câmara dava mais reposição tarifária do que o Executivo. Mais do
que o Executivo; acima da inflação, e o Executivo ficava dentro da inflação. A
Câmara fazia diferente, tanto que, na última reposição tarifária, eu fui
entrevistado como Prefeito, me perguntaram, e eu disse: “Olha, na realidade, eu
não sei. Aqui na Prefeitura, nós estudamos as tarifas e mandamos para a Câmara.
As negociações são feitas lá. Aqui, no Executivo, não.”
Depois voltou para a Prefeitura. Veio o PT, fez a
intervenção no sistema de transporte coletivo, uma intervenção desastrosa que o
Prefeito Fogaça está pagando agora, depois de muitos anos. Mas, enquanto eles
estavam na Prefeitura, tinha o plus
tarifário. Estabeleceram uma série de regras engraçadas, e eu não vejo agora
por que nós vamos sair criticando o Prefeito. Se fosse a Câmara que fizesse, eu
também não criticaria, mas não há por que criticar o Prefeito; ele não calculou
as tarifas. Ele tem um Secretário de Transportes, ele tem um Conselho de
Transportes; isso foi examinado pelo Conselho de Transportes, foi examinado
pelos técnicos da Secretaria e será examinado, sem dúvida nenhuma, pela Câmara
- desta vez, eu espero que sim, porque, no ano passado, quando eu falei sobre
isso, ninguém procurou; me parece que a Verª Maria Celeste procurou tomar
conhecimento do processo que veio do Executivo. Se nós formos examinar o
processo, com a responsabilidade de representantes do povo, vamos
representá-lo, vamos dizer a ele: está certo ou está errado. Nós não podemos
sair falando sobre o direito de ir e vir. Ninguém está cerceando o direito de
ir e vir. Tem gente que vai de Ferrari, de Porsche, de Mercedes-Benz, tem gente
que vai de ônibus e tem gente que vai a pé. Eu cercearia o direito de ir e vir,
se eu impedisse a pessoa de se movimentar. Não estão fazendo isso.
E vamos entender uma coisa: a maioria das tarifas
são pagas por empresários que dão o vale transporte; não é bem assim como está
sendo dito. Acho que a crítica vale, eu preferia que não houvesse aumento de
tarifas, eu preferia que houvesse redução, desde que houvesse possibilidade.
Agora, nós temos todo o dever - o dever! - de examinar o processo e saber em
que se baseou o Executivo para aumentar a tarifa de R$ 2,30 para R$ 2,45. Eu
espero que o processo seja examinado, depois quero ver os Vereadores falarem,
quero ver os Vereadores discutirem, porque eu tive a preocupação, um dia, de
fazer pela primeira vez nesta Cidade com que se calculasse tarifa, isso há
quase cinquenta anos. Antes não se calculava, agora se calcula. Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra.
A SRA.
FERNANDA MELCHIONNA: Para um esclarecimento, é sobre o discurso, a fala
do Ver. João Antonio Dib. O custo a mais por uma pessoa que pegue ônibus de ida
e volta por dia são R$ 7,20, o que corresponde a mais de um quilo de pão. Quero
esclarecer ao Presidente que eu trouxe exatamente o número de pães
correspondente ao que foi tolhido de uma pessoa durante o mês.
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Solicito ao Ver. Mario Manfro que assuma a
presidência dos trabalhos.
A Verª Sofia Cavedon está com a palavra.
(O Ver. Mario Manfro assume a presidência dos
trabalhos.)
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Presidente, considerando as ponderações do Ver. Dib, considerando que o
índice de passageiros/quilômetro vem aumentando, que vem reduzindo o custo do diesel, e com a planilha eletrônica nós
temos muito menos evasão, parece-me que está na hora de a Casa fazer uma
auditoria no custo da passagem, porque teríamos condições... A minha proposta
de encaminhamento ao Presidente da CEFOR é no sentido de que organize uma
audiência pública em março, anunciada com tempo, e de que seja apresentada a
planilha, a fim de fazermos um bom debate sobre o custo da passagem em Porto
Alegre.
O SR.
PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. ALDACIR
JOSÉ OLIBONI: Nobre Presidente dos trabalhos, Ver. Mario Manfro, neste momento
presidindo os trabalhos, colegas Vereadores, Vereadoras e público que aqui
acompanha a Sessão no dia de hoje, com certeza o tema trazido pela Verª
Fernanda é de extrema importância, com o qual todos nós temos concordância: a
passagem está muito cara em Porto Alegre. É preciso fazer algo para que o
cidadão tenha acesso ao transporte, para que haja uma tarifa compatível com a
realidade da nossa Cidade e do nosso País.
Eu uso aqui o tempo de Comunicação de Líder do PT
para trazer algumas coisas que são de fundamental importância no tema da Saúde
Pública. Na reunião recente feita pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente, mais
precisamente na quinta-feira, tivemos aqui na Casa a presença do Promotor de
Justiça Luiz Eduardo Ribeiro Menezes, que acompanhou a reunião da Comissão de
Saúde e Meio Ambiente; contamos com a presença do Conselho Municipal de Saúde,
de todos os Vereadores da Comissão de Saúde e de outros Vereadores que
acompanharam a reunião. O Promotor Luiz Eduardo, Ver. João Antonio Dib, disse
que, havendo a informação da cartinha encaminhada do Ministério Público ao
Prefeito Municipal, o Prefeito Municipal, não tomando as providências cabíveis
com relação às denúncias do Instituto Sollus, não havendo respondido, poderia
responder por improbidade administrativa.
Todos nós sabemos que o Prefeito é responsável,
sim, pela gestão no Município de Porto Alegre; todos nós sabemos que o
Secretário Municipal de Saúde, o Dr. Eliseu Santos, cometeu inúmeras
irregularidades em relação ao contrato com a Sollus, com relação a esses
serviços do Programa de Saúde da Família em Porto Alegre. Tanto isso é verdade
que, em abril de 2007, quando o Ministério Público Estadual elencou os inúmeros
problemas denunciados... Dentre eles está, Ver. João Antonio Dib - e faço
questão de aqui salientar; vejam só, senhores, colegas Vereadores e Vereadoras
-, que o Ministério Público encaminhou ao Prefeito Municipal no dia 23 de
outubro de 2007... Um dos assuntos que o Ministério Público abordava era o
seguinte (Lê.): “Como exemplo da aparente ausência de análise crítica da
estimativa dos valores a serem dispendidos pelo erário com esses Termos de
Parceria, um dos itens da ‘provisão de fundos’ requerida pelo Instituto Sollus
para o mês de setembro (cópia anexa) é ‘aluguel de relógio de ponto eletrônico’
no montante de 25 mil.” O Governo pagava 25 mil mensais de aluguel pelo relógio
de ponto.
Vou citar outros serviços, senhoras e senhores, em
relação aos fornecedores do Instituto Sollus; são serviços de maior valor, no
período de 2007 e 2008, entre setembro de 2007 e abril de 2008, oito meses. O
Governo pagou ao Instituto Sollus pelos seguintes fornecedores (Lê.): “Imagem
Gráfica e Carimbos Ltda., 92 mil e 167 reais; [...] Consultoria em Gestão
Empresarial Ltda, 97 mil e 853 reais; [...] Propaganda e Marketing Ltda, 101
mil e 442 reais; Relógios de Ponto Sorocaba” - tem até o nome sugestivo, de São
Paulo - “110 mil e 266 reais; Associação Universitária da Zona Leste, 110 mil e
400 reais; Fundação Ibirapuera de Pesquisa, 111 mil e 600 reais; [...]
Tecnologia e Comércio Ltda., 119 mil e 400 reais; Mario Rocha Auditores
Associados, 122 mil e 476 reais; Triunfo Recursos Humanos, 128 mil e 411 reais;
ACE Auditoria, 133 mil e 851 reais; Círculo Recursos Humanos Ltda” - mais uma
vez - “142 mil e 693 reais”, num período de oito meses!
Vejam o que diz, logo ali adiante, o Ministério
Público. Sabendo que o Prefeito Municipal não teria tomado providências, o
Ministério Público diz o seguinte (Lê.): “Seja suspenso, de imediato, qualquer
repasse de verbas antecipado ao Instituto Sollus, a título de itens antes
mencionados ([...] auditoria, especializações e treinamentos, despesas
técnicas, materiais didáticos, seguro despesas financeiras)” - há muitos
outros. No artigo 3º diz (Lê.): “Em especial, quaisquer valores a serem pagos
ao Instituto Sollus para o pagamento de ‘recursos humanos’ decorrentes do Termo
de Parceria firmado sejam previamente especificados, demonstrando-se a sua
adequação ao valor de mercado, nos termos do art. 10, § 2º, inciso IV da Lei nº
9.790/99”. E mais adiante (Lê.): “Solicita-se que, no prazo máximo de 30 dias,
sejam prestadas informações quanto às providências adotadas acerca do objeto
desta recomendação, inclusive a remessa de cópia autenticada de eventual
aditamento ao Termo de Parceria já celebrado, presumindo-se, no silêncio, que
essa recomendação não foi acolhida pela Administração, para fins de definição
das medidas legais futuras a serem adotadas por esta Promotoria de Justiça”.
O que o Ministério Público está dizendo? Em não
respondendo em 30 dias, Sr. Presidente, o Ministério Público iria então decidir
as providências cabíveis, por isso o Promotor de Justiça, na quinta-feira
passada - o Ministério Público Estadual -, disse que caberia, sim, ao Prefeito
responder por improbidade administrativa por não ter respondido e por não ter
tomado providências no tempo cabível, isto é, um ano e seis meses depois é que
o Prefeito resolveu fazer uma auditoria e cancelar o convênio com o Instituto
Sollus. Portanto, está clara e precisa essa preocupação do Ministério Público.
E nós, como Vereadores, pedimos a colaboração dos demais colegas para que, de
fato, o Prefeito responda e diga para nós, como Líder do Governo, onde está o
dinheiro e quando será devolvido aos cofres públicos. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mario Manfro): Registro a posse do Ver. Beto Moesch na COSMAM, em
face da impossibilidade de fazê-lo na Sessão do dia 04 de janeiro.
O Ver. Valter Nagelstein está com a palavra para
uma Comunicação de Líder, pelo Governo.
O SR. VALTER
NAGELSTEIN: Sr. Presidente, Ver. Mario Manfro; Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras, eu gostaria, em primeiro lugar, por um dever de equidade - afinal
de contas, todos nós aqui somos regidos por esse princípio -, que houvesse a
possibilidade de V. Exª me conceder os mesmos 9min58s que o Ver. Oliboni, no
tempo de oposição, utilizou na tribuna desta Câmara. É um dever de igualdade.
Eu gostaria que V. Exª me concedesse, Ver. Oliboni,
assim como eu lhe concedi, o silêncio e a tranquilidade, para que eu possa
desenvolver o meu raciocínio. Agradeço ao nobre Líder da oposição.
Srs. Vereadores, Ver. Airto Ferronato; meu Líder,
Ver. João Pancinha, o nobre Ver. Elias Vidal, Presidente da CUTHAB, juntamente
com os demais Vereadores daquela Comissão - Ver. Alceu Brasinha, Ver. Nilo
Santos -, veio nos dar um encaminhamento muito positivo a respeito do
pronunciamento, na Tribuna Popular, da representante da Associação dos
Moradores da Casa de Passagem da Prefeitura Municipal, representante que há
pouco tivemos a oportunidade de ouvir. Tenho certeza de que brevemente teremos
uma solução positiva para essa questão, sempre sob a inspiração e a liderança do
Prefeito José Fogaça, com a sua sensibilidade política e social. Afinal de
contas tem sido o Prefeito José Fogaça, ao longo de todo esse tempo, quem tem
garantido, Ver. Dr. Raul, Ver. Luciano, a essas pessoas - mesmo àquelas que não
têm direito, mesmo àquelas que foram estimuladas, sobretudo, pelo Partido dos
Trabalhadores, pois algumas - vinte e sete - se infiltraram no meio; mesmo a
essas que invadiram e que estão prejudicando todo o restante das outras
famílias - a contemplação. Em breve, os Vereadores já vão trazer...
(Manifestação da Verª Sofia Cavedon.)
O SR. VALTER
NAGELSTEIN: Não é novidade isso! A Verª Sofia disse: “Que barbaridade!”, mas isso
não é novidade! Infelizmente sempre existem aqueles que insuflam esse tipo de
atitude, porque vivem daquela condição do “quanto pior, melhor”, para depois
subirem à tribuna e fazerem as críticas! Isso é fato comum, é corriqueiro,
disso todos nós já sabemos.
Eu quero ainda, Sr. Presidente, dizer, com relação
à fala do Ver. Oliboni, que a ata à que ele se refere, a do Ministério Público,
que tem sido explorada dessa forma - foi assim na semana passada, quando esteve
aqui o Secretário Clóvis Magalhães; quando esteve aqui, junto com Secretário
Clóvis Magalhães, o Procurador-Geral do Município, e foi feita a apresentação,
V. Exª estava no Plenário, lembra disso... Foi trazida à baila a manifestação
do Ministério Público. E, após essa manifestação do Ministério Público, houve a
assinatura de um TAC. Esse TAC - não é outra coisa, é o mesmo apontamento, é a
mesma questão - superou aquela questão. Portanto, nós sabemos, compreendemos e
lamentamos, mais uma vez, a exploração política que se dá a esse fato,
especialmente; embora saibamos também dos graves problemas na Saúde Pública,
que não são só de Porto Alegre, são problemas brasileiros, mas em especial essa
questão nós estamos bradando, alto e bom som, ou alto e bom tom, no sentido de
que há uma exploração política. Há uma exploração política que se agudizou, que
cresceu, sobremaneira, logo após o Prefeito José Fogaça ter assumido a sua
pré-candidatura ao Governo do Estado. Sabemos como essas coisas se dão, como é
que essas redes se articulam e se mobilizam.
Eu quero dizer que, contrario sensu... E aí eu vejo a manifestação da S. Exª a Ministra
Dilma Roussef, que diz o seguinte na página 5 do Jornal Correio do Povo,
sexta-feira, dia 05 de fevereiro de 2010 - eu acho que vou pedir uma reunião da
Ministra Dilma com a Bancada do Partido dos Trabalhadores aqui na Câmara, pois
está havendo uma dessintonia (Lê.): “A senhora vai tentar obter o apoio de
Fogaça?”, pergunta o repórter. Diz a Ministra Dilma (Lê.): “O PMDB integra a
base do Governo. O PMDB é importante para a governabilidade. Além disso, Fogaça
é especial: bom gestor, fez bom governo”. Diz a Ministra Dilma que Fogaça é
especial, que é bom gestor, que fez bom governo, que tem suas qualidades! “Acho
que ninguém está falando por contraposição” - acho que ela não está ouvindo a
sua Bancada aqui, Ver. Todeschini. E ainda (Lê.): “Irei procurar o Fogaça, sim,
porque ele falou sobre reforço para Porto Alegre no que se refere ao Projeto da
Mobilidade Urbana para a Copa de 2014. O Governo Federal reconhece que este
pleito é legítimo”. Então, quer dizer que aquilo que diziam, que o Fogaça não
tinha falado do metrô, também é mentira. Será...? Diziam que o Fogaça não se
interessava, mas a Ministra Dilma está dizendo que ele procurou o Governo para
falar da Mobilidade! E termina a Ministra Dilma dizendo o seguinte (Lê.): “O
Governo Federal reconhece que o pleito é legítimo. Havendo conversas políticas,
ninguém vai se negar a conversar”.
Então, eu quero sugerir, Verª Sofia Cavedon, que V.
Exª se dispa um pouquinho de suas vestes incendiárias e busque conversar,
dialogar um pouquinho, vamos tentar fazer essa composição, vamos caminhar naquilo
que é importante para a cidade de Porto Alegre.
(Aparte antirregimental do Ver. Haroldo de Souza.)
O SR. VALTER
NAGELSTEIN: Pois é, não aprendem, Ver. Haroldo! A Bancada dos meus nobres colegas do
PT não aprende com o Luiz Inácio Lula da Silva, que faz um Governo tão plural,
tão democrático, que conversa, que dialoga...! Mas eles aqui não conseguiram!
Por isso se diz em tudo que é lugar que o PT do Rio Grande do Sul é diferente!
Tomara que com o Vereador, nosso novo Presidente do PT de Porto Alegre, que tem
uma postura mais ao Centro, os Vereadores que estão aí mais radicalizados, à
esquerda, consigam aprender alguma coisa. Eu estou torcendo para isso.
Por último, Sr. Presidente, finalizando, já foi
comunicado, mas eu quero agradecer, com muita honra, a renovação da indicação,
Verª Fernanda, com que o Prefeito José Fogaça me distinguiu, para que eu
continuasse como seu Líder de Governo. E quero dizer que, com muita honra,
também, vou ser ajudado nessa tarefa pelo Ver. DJ Cassiá, que está assumindo a
nossa Vice-Liderança. (Palmas.) Pretendo, ao longo deste ano, ensejar que os
Líderes dos Partidos que nos dão apoio, Sr. Presidente, ocupem este espaço de
Liderança de Governo, para que todos possam exercer o seu papel, que é de
sustentação política. Estou aguardando que o Partido Democrático Trabalhista,
na pessoa do seu Líder, o Ver. Mauro Zacher, faça a indicação do outro
Vice-Líder do Governo. Quero reafirmar que este será um ano de diálogo, mas
será também um ano de afirmação do nosso projeto político, de caminhar de forma
determinada e, quando for necessário, de repor as verdades, reafirmando a nossa
visão de Porto Alegre e a nossa visão de mundo, que é muito mais plural, que é
muito mais democrática. E não é uma visão democrática como daqueles que se
dizem democráticos mas que, quando têm uma oportunidade, quando exercem o
mando, cerceiam, por exemplo, os direitos da imprensa, como é o caso da
Venezuela. Muito obrigado, Sr. Presidente, e um abraço a todos os Srs.
Vereadores.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Airto Ferronato está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. AIRTO
FERRONATO: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e
senhores aqui presentes, acompanhei as duas manifestações que me precederam,
acompanhei também o Plenário e as notícias que a imprensa tem divulgado desde
janeiro, para ser mais recente, de 2010; acompanhei a última manifestação do
Ver. Valter Nagelstein sobre o Correio do Povo, em que a Ministra Dilma
enaltece as qualidades do Fogaça. Muito bem, o jornal Zero Hora de hoje diz que
a candidatura de Serra é muito mais simpática, Ver. Beto Moesch, conforme
afirmação dos Deputados do PMDB. Então, eu já não entendo mais nada! Lá em
Brasília eles estão abraçados, chorando juntos, cantando juntos,
vangloriando-se juntos e aqui se digladiando! Não dá mais, sinceramente, Ver.
Pedro Ruas, para compreender.
E o que é mais importante: já temos meio que
estereotipada a dupla de 2º turno em nível nacional. Vai dar bode na sala, não
está certo isso! Aqui no Estado também já temos quase certa, meu candidato a
Governador, Ver. Pedro Ruas, a dupla de 2º turno. Vai dar furo isso! Não vai
ser assim! Eu aguardei esse mês e meio para me pronunciar hoje e dizer que o
Brasil caminha com Ciro Gomes. Ele é o mais preparado de todos! Nós sozinhos
hoje, só e tão somente só, meu Ver. Pedro Ruas, estamos juntinhos deles,
imagine quando começar a campanha com o Deputado Federal Ciro Gomes. Pense bem.
Por outro lado, aqui no Estado, também está a mesma
história, está basicamente já definido, Ver. Mauro Pinheiro: de um lado, o PT
certo no 2º turno; de outro, meu Presidente, o PMDB do Fogaça certo no 2º
turno. Não vai ser assim! Nós vamos de Beto Albuquerque, o mais preparado de
todos, estamos nessa empreitada e chegaremos ao 2º turno coligados com um bela
e ampla maioria de Partidos. Não está certo o que se define, o que se diz hoje,
porque o empastelamento federal e estadual não pode mais continuar, meu caro
Ver. Pujol. Lá eles se amam; aqui é um ódio só. Um diz que o melhor e o mais
preparado é o Prefeito Fogaça; aqui se diz, do Partido do Fogaça, que, na
verdade, a melhor de todas as candidaturas seria o Serra, meu caro Ver. Mario
Manfro. O pastel está formado, e nós estaremos no 2º turno com Ciro Gomes para
Presidente da República e com o Deputado Federal Beto Albuquerque no Rio Grande
do Sul. Marquem isso! Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Ervino Besson está com a palavra para uma
Comunicação de Líder. (Pausa.)
O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para uma
Comunicação de Líder, pela oposição.
O SR. PEDRO
RUAS: A Verª Fernanda e eu temos um respeito muito grande pela legislação
eleitoral, então não vamos tocar nesse tema neste momento. É um tempo de oposição;
se fosse um tempo do PSOL, até poderíamos, mas é um tempo de oposição.
Sr. Presidente, Ver. Tessaro; Vereadores,
Vereadoras, público que nos assiste, quero fazer algumas referências breves.
Com o meu respeito e admiração permanentes ao Ver. João Antonio Dib, ouso
responder a V. Exª e relembrá-lo de algumas coisas do interesse do povo de
Porto Alegre. Não há menor dúvida de que esse é um aumento acima da
razoabilidade e da necessidade em termos de transporte público, Vereador. E por
que não há dúvida com relação a isso? O próprio jornal Zero Hora publicou, na
sexta-feira, as tarifas de transporte coletivo do Rio de Janeiro, de São Paulo,
de Florianópolis - eu as tenho aqui -, de Curitiba, Belo Horizonte, Salvador e
Fortaleza. Todas são inferiores ao valor de Porto Alegre, todas! Vossa
Excelência viu que todas ficam entre R$ 2,10 e R$ 2,35, todas! Será que
capitais, Ver. Dib, do porte de Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo,
Fortaleza, Salvador e Curitiba possuem trechos, rotas com custo inferior a
Porto Alegre? A nossa tarifa está superdimensionada. A Verª Fernanda
Melchionna, parece-me, trouxe, do ponto de vista didático, um exemplo
importante; ela fez o cálculo do que seria comprado com esse valor, com essa
diferença. Claro que eu respeito a posição de cada um, é evidente; mas para
todos nós é importante a reflexão: por que Porto Alegre tem a tarifa mais cara
do Brasil? É uma reflexão necessária.
Por que falo ao Ver. João Dib? Porque ele traz um
exemplo do passado, onde acompanhamos, cada um da sua maneira, a mesma
situação. Por dois anos, a Câmara teve, realmente, a tarefa de definir a
tarifa, e o Ver. João Dib tem aqui a minha concordância: foi um inferno! Um
inferno! Mas aprendi ali, Ver. João Dib, que, se há algo que não merece
confiança, é cálculo de tarifa. Cada um diz o que quer - Vossa Excelência
lembra -, cada um estima, em caráter altamente subjetivo, um custo, uma
mudança, uma necessidade: ou é desgaste de pneu, ou é hora extra de
trabalhador, ou é lataria, de tudo. Eu vi aqui nesta Casa, neste plenário, mais
de noventa itens sendo debatidos, com mais de trinta posições diferentes sobre
cada um dos noventa. Então, estamos tratando com mais de mil posições, Ver.
Sebastião Melo, que teve a sorte de não ser Vereador naquele período. Era um
caos.
Eu duvido que os dados atuais sejam mais confiáveis
do que aquele caos. Eu duvido, Ver. João Dib! E assumo o compromisso com Vossa
Excelência: vou examinar item por item e temo que o resultado seja o mesmo
daquele tempo. É subjetivo. Se é subjetivo e é a tarifa mais cara do Brasil,
está errado. Nós teremos uma tarifa de R$ 2,45 a partir de domingo. A nossa
Capital é a mais cara do Brasil! Os dados são de uma confusão absoluta,
praticamente fora do alcance de uma inteligência normal, mediana. Portanto, ou
nós temos uma explicação altamente convincente e definitiva em relação àquilo
que representou, que justificou esse reajuste de quase 7% - bem mais do que em
relação ao táxi-lotação -, ou nós teremos, sim, a total legitimidade para dizer
que esse valor não corresponde à realidade. Concluo, Sr. Presidente, dizendo
que há erro no cálculo da tarifa, e, para variar, quem está pagando o erro é o
povo de Porto Alegre.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs.
Vereadores, no seu empolgado pronunciamento,
o Ver. Pedro Ruas disse que cálculo
de tarifa é um caos, que nada é confiável em termos de cálculo de tarifa. Acho
que, sob um determinado ponto, deveríamos até concordar com o Vereador, há
critérios de cálculos de tarifas que evidentemente produzem os seus resultados.
O Ver. João Antonio Dib, com muita propriedade, referindo-se à manifestação da
Verª Fernanda Melchionna, deixou claro que o salário-mínimo deste País subiu,
agora em janeiro, um percentual superior àquele que está sendo utilizado para
revisar as tarifas dos serviços de transporte coletivo da cidade de Porto
Alegre. Em verdade, nós sabemos que o salário-mínimo era em todo o território
brasileiro, até dezembro, de 465 reais e que, a partir de janeiro, passou a ser
de 510 reais, ou seja, mais de 9% de majoração.
Então eu vou concordar com a tese do Ver. Pedro
Ruas: cálculo de tarifa cada um faz pelo seu método. Daria até para reproduzir
a palavra de Jose Ingenieros, quando
dizia: “Tudo es verdad, tudo es mentira,
tudo depiende de la color del cristal con que se mira”. Não dá para fazer
um discurso apaixonado a respeito do processo tarifário do território
brasileiro, porque até as informações são contraditórias. Eu, por exemplo, Ver.
Sebastião Melo, tenho informação, sob o ponto de vista pessoal, até
privilegiada, porque o Governo de São Paulo é o Governo do meu Partido, e lá a
tarifa foi fixada num valor superior à tarifa de Porto Alegre. Eu tenho essa
informação. Mas em cada cidade brasileira, em cada capital brasileira, Ver.
João Antonio Dib, as coisas podem se alterar. Por exemplo, o Governo do meu
Partido, junto com o Partido da Social Democracia Brasileira em São Paulo,
resolveu colocar um bilhão de reais de subsídios na tarifa todos anos. Em Porto
Alegre, num critério que vem de mais tempo, existe o subsídio cruzado, em que o
próprio usuário paga a diferença de custo que efetivamente deveria ter. Tiram
os 3% que o Município cobra de imposto na tarifa, tiram o que tem de imposto no
óleo diesel! E olha que não era
nenhuma novidade, na opinião da maioria da Casa, na malfadada ditadura, no
período da Revolução de Março: diesel
do transporte coletivo não pagava imposto, então esse imposto não vinha para a
tarifa; agora vai.
Então, Verª Fernanda Melchionna, pelo caminho que
eu enxergo, nós temos que fazer um grande esforço nacional para desonerar a
tarifa da carga tributária que sobre ela incide, e então não haverá nem 100% de
aumento, aí esses 6% desapareceriam. E o Ver. Sebastião Melo sabe disso, porque
já mandou técnicos fazerem esse cálculo, e é verdade. Além do mais, os
Deputados Federais e os Senadores são muito pródigos em oferecer benesses para
a população, colocam até na Constituição. A Constituição mandou dar tarifa não
onerada, grátis, para todos os idosos deste País, e todos nós batemos palmas,
mas ninguém disse quem iria pagar por isso. E quem está pagando hoje, Ver.
Airto Ferronato, é o usuário do transporte coletivo; é o pobre subsidiando a
passagem do outro pobre! Não é o rico, não é o que anda de Mercedes-Benz, como
o senhor falou, Ver. João Antonio Dib, esse não contribui com nada para a
tarifa. Não é o que anda num Focus, como eu ando; eu não contribuo em nada para
a tarifa. Não é o que anda num fusquinha, que não contribui nada. Quem paga é o
usuário do transporte coletivo, que acaba subsidiando os idosos que os
constitucionalistas entenderam que deveriam merecer, e efetivamente merecem, a
isenção tarifária.
Chega de a gente propor situação sem dizer de onde
é que vai sair o dinheiro. Esse valor é alto, sim; R$ 2,45 é alto, poderia ser
muito mais barata do que isso a tarifa, quem sabe R$ 2,00, quem sabe menos do
que R$ 2,00; é só desonerar a tarifa. Mas não dá, Ver. Pedro Ruas. E V. Exª se
propõe a ser candidato e será um grande candidato ao Governo do Estado, eu até
tenho esperança de que pudesse dar certo o que propôs o Ver. Airto Ferronato,
que sonhou com o Ciro; é muito mais provável que V. Exª, com seu discurso, seja
Governador do Estado do que o Ciro Presidente da República. Nesse baile eu já
embarquei e me dei mal. Mas, voltando ao tema reajuste tarifário, eu quero
dizer ao Ver. Pedro Ruas que não vou fazer agrado a ele. É uma posição que eu
tenho ao longo do tempo, eu sei que ele é uma das pessoas mais íntegras da vida
pública brasileira. Quando eu ouço dizer que o PDT vai apoiar a Drª Dilma, a
mãe do PAC, eu me lembro sempre da dignidade do Ver. Pedro Ruas, que não quis
ficar no Governo do PT aqui no Rio Grande para não abrir mão dos seus conceitos
- ele que era pedetista -, ao contrário da Dona Dilma, que ficou no PT para
continuar Secretária. Pois, Vereador, V. Exª que é um homem íntegro, com o
senhor, com a sua colega de Bancada, eu quero fazer uma discussão sobre a
desoneração tarifária, porque a tarifa está cara aqui em Porto Alegre, mas não
dá para fazer este discurso bonitinho e dizer: “O Governo Fogaça...” Bobagem!
Percentualmente, a tarifa, no último ano do Governo do PT, sem levar em conta o
salário-mínimo, incidia mais do que a tarifa em si no dia de hoje! E ninguém
gritava naquela ocasião.
Por isso, Sr. Presidente, eu concluo dizendo o
seguinte: bom diálogo, Ver. Pedro Ruas, ótimo diálogo! Quero que ele prossiga,
e eu estou pronto para esse debate. Vamos debater, com a autoridade que tem
Vossa Excelência, de um homem que renuncia situações para não renunciar as suas
posições. Meu abraço e a minha homenagem a Vossa Excelência.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR.
SEBASTIÃO MELO: Prezado Presidente Tessaro, minhas colegas
Vereadoras, meus colegas Vereadores que nos honram aqui com as suas presenças
no Plenarinho: em homenagem ao tema, Ver. Pedro Ruas, a Vossa Excelência, à
Verª Fernanda, ao Pujol e a tantos que aqui falaram sobre esse tema, quero
enfrentá-lo sob a nossa ótica, Ver. Beto Moesch. Primeiro, será que o Rio
Grande, será que a nossa Porto Alegre, será que o Brasil teriam condições de
oferecer transporte gratuito para todos? Esta é uma boa discussão a ser feita:
o Orçamento da Prefeitura tem disponibilidade de transferir recurso de alguma
área para o transporte coletivo? Se não tem, eu tenho que conviver com a Parceria
Público-Privada. Há uma concessão precária no Brasil inteiro, a lei das
concessões já foi prorrogada duzentas vezes e nunca há licitação no Brasil.
Isso está errado! Está errado em Guaíba, está errado em São Leopoldo, está
errado em Alvorada, está errado em Porto Alegre também, porque a lei existe e
não é cumprida.
Em segundo lugar, cá para nós, tem gente que não
paga passagem e que, na minha avaliação, precisaria pagar em Porto Alegre. E
tem que ter coragem para enfrentar esse debate. Na minha avaliação, não basta
ter sessenta anos para ter direito a transporte gratuito. Será que é justo ter
passagem gratuita quem recebe oito, nove, dez mil reais? Enquanto que a
empregada doméstica, que ganha menos de um salário-mínimo, tem que pagar no cash. Então, essa discussão precisa ser
enfrentada. Em terceiro lugar, os dados estão aí. Dizem que 25%, 27% dos que
andam de ônibus não pagam a tarifa. Será que todos que não pagam deveriam
continuar não pagando?
Verª Fernanda, V. Exª é brilhante! E juventude sem
rebeldia é velhice sem futuro. Portanto, quando eu vejo a rebeldia de V. Exª,
eu aplaudo. Mas tem gente que vai de Mercedes para a PUC ou para a Universidade
Federal, compra a passagem com desconto de 50% e passa para alguém! Isso também
está errado! O Governo Federal tem isentado um punhado de coisas, muitas coisas
que, na minha avaliação, até não deveriam ser isentadas, como essa questão do
automóvel. As montadoras querem vender, o Governo ganha 50% num veículo que
custa 50 mil, 50% é para imposto, mas não tem mais lugar para carros nas ruas!
No entanto, até nisso dão desconto para imposto. Será que não está na hora de
os Prefeitos do Brasil inteiro dizerem: “Não! Para aquilo que diz respeito aos
insumos do transporte coletivo vai ter isenção!” Do pneu, do eixo, Ver. João
Dib, da carroceria, do combustível! Mas nós não vamos fazer como o aumento da
tarifa do imposto do telefone, Ver. Todeschini! Eu lembro, na época do Governo
Rigotto, que se aumentou de 25% para 30%, e, no dia em que se reduziu 5%, a
tarifa não baixou um centavo! Mas deveria condicionar, sim, a isenção, Ver.
Mauro, à redução da tarifa. Isso eu acho correto, e é uma bela discussão a ser
enfrentada. Então, eu não tenho nenhuma dificuldade com isso.
Eu não estava aqui, Ver. Pedro Ruas, mas, graças a
Deus, esta Casa superou isso! Esta Casa proporcionou muitas contribuições à
Cidade, são tantas e enormes contribuições, mas ela também teve alguns momentos
negros. Eu quero dizer que aquela experiência de fazer um leilão aqui na
Câmara, de aprovar tarifa de ônibus, foi uma das piores coisas que passou por
aqui! Algo vergonhoso! Foi um corredor polonês! E a gente sabia que havia
muitos problemas. Se este é o melhor sistema...
Também quero dizer - sou obrigado a dizer nesta
discussão - que muita gente não vai ao Comtu. Se vocês olharem as atas do
Comtu, tem gente que tem direito a assento lá e não vai há muito tempo. Então,
é preciso rever, porque eu não posso ter um Comtu que seja meramente um
cartório que carimba. O Comtu tem condições técnicas de avaliar o aumento do
transporte coletivo? Eu acho que não. Eu acho que não!
Se eu quero o controle social do Comtu mesmo, a
maioria dele não poderia ser do Governo, e a maioria do Comtu - que não foi
criado neste Governo, foi nos Governos anteriores - é do Governo. Portanto, o
Governo tem maioria para aprovar o Comtu, e o Prefeito sempre, inclusive o de
hoje, o meu querido Fogaça, mas eu não vi o Verle, eu não vi o Tarso, eu não vi
o Olívio, eu não vi ninguém ser contra aquilo que o Comtu... Pelo contrário, “eu
criei um biombo; o biombo carimba, e o Prefeito, se o controle social decidiu,
homologa”. Então, essa discussão merece ser aprofundada, e eu sou parceiro para
começar agora, no fórum competente, que eu acho que é esta Casa. Muito
obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Solicito a presença dos Líderes dos Partidos para
que possamos fazer um acordo referente à Ordem do Dia. (Pausa.)
Havendo quórum, passamos à
ORDEM DO DIA
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
PROC.
Nº 2267/05 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 106/05, de autoria das Vereadoras Manuela d’Ávila e Sofia Cavedon, que
institui o Programa de Transporte Escolar Municipal Gratuito – Vou à Escola –,
no Município de Porto Alegre, para alunos do Ensino Fundamental e Médio
matriculados nas escolas municipais e estaduais, e dá outras providências. Com
Emendas nos 01 a 05.
Pareceres:
- da CCJ. Relator
Ver. Paulo Odone: pela inexistência de óbice de natureza jurídica para a
tramitação do Projeto e das Emendas nos 01 e 03, e pela existência
de óbice de natureza jurídica para a tramitação da Emenda nº 02;
Relator Ver. Mauro Zacher:
pela inexistência de óbice de natureza jurídica para a tramitação da Emenda nº
04, e pela existência de óbice de natureza jurídica para a tramitação da Emenda
nº 05 (empatado);
- da CEFOR. Relator
Ver. Elias Vidal: pela rejeição do Projeto e das Emendas nos 01 a
05;
- da CUTHAB.
Relator Ver. José Ismael Heinen: pela aprovação do Projeto e das Emendas nos
01 e 03, e pela rejeição da Emenda nº 02;
- da CECE. Relatora
Verª Neuza Canabarro: pela aprovação do Projeto e das Emendas nos 01
a 03;
- da CEDECONDH.
Relatora Verª Margarete Moraes: pela aprovação do Projeto e das Emendas nos
01 a 03.
Observação:
- incluído na Ordem do Dia
por força do art. 81 da LOM.
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Em discussão o PLL nº 106/05. (Pausa.) A Verª Sofia
Cavedon está com a palavra para discutir o PLL nº 106/05.
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, este Projeto já passou por todas as
Comissões. Vou fazer apenas uma retomada rápida.
O Programa Vou à Escola já existe na Prefeitura de
Porto Alegre desde 2002. Na verdade, ele começou embrionariamente em 2002,
inclusive sem recursos, numa negociação permanente com a EPTC, em função de que
as crianças andavam em Porto Alegre passando embaixo da roleta. A Lomba do
Pinheiro tinha, na verdade, um pool de
empresas que carregavam mil crianças sem contrapartida. Havia uma pressão muito
grande na Zona Sul e Extremo Sul, porque muitas crianças precisavam de ônibus e
não tinham condições de chegar à escola de Ensino Fundamental.
Então, em 2002, fez-se um projeto-piloto; em 2003 -
eu era Secretária da Educação na época -, começamos a ampliar o Programa Vou à
Escola. Ele nasceu com critérios muito claros e, no início, sem financiamento.
Nós chegamos a construir com as empresas a supressão de um ou outro, Ver.
Reginaldo Pujol, passe livre, para aliviar o custo das empresas, porque o
número de crianças foi aumentando. Hoje são mais de seis mil crianças do Ensino
Fundamental, escolas estaduais e municipais, que usam o transporte gratuito.
Mas usam o transporte com critérios muito duros a partir da informação de cada
escola, e nós estamos transpondo os critérios para o Projeto de Lei.
Na época, quando eu era Secretária, pensamos em
instituir, até para justificar o custo que havia no sistema de transporte... A
partir das gestões do Fogaça, esse Programa passou a ter, Ver. Melo, rubrica da
Educação. Então, ele não é um programa que pesa na planilha, por mais que eu
tenha contraposições e discordâncias de que o grande problema sejam as isenções
na questão do custo, nem é sua opinião, é óbvio, preponderante. Então, ele tem
um financiamento pela Educação, e ele hoje atende todas as crianças; todas não,
pois há deficiências em algumas regiões ainda. No ano passado, inclusive, nós
tentamos trabalhar a ampliação para sete mil crianças no Vou à Escola, na Lei
do Orçamento. Então, a ideia é tornar oficial e instituir como programa, e a
novidade é a extensão ao Ensino Médio. Sobre esse ponto, eu queria chamar a
atenção de Vossas Excelências de que, no ano passado, votou-se, no Senado e na
Câmara, uma legislação pela qual, progressivamente, em dois anos, ou três, se
não me engano, o Ensino Médio tornar-se-á obrigatório para todos os jovens, o
que é muito positivo, Ver. Tarciso. Na verdade, a Educação será obrigatória dos
quatro aos 16 anos; hoje é apenas dos seis aos 14. Então, essa nova legislação
vai implicar, aos entes públicos, garantir o acesso à escola também aos jovens
do Ensino Médio e vai implicar, portanto, que seja possibilitado o transporte
gratuito ao Ensino Médio para quem não pode pagar.
Este é um mérito do Projeto: ele tem critérios
muito claros e diz que o Município vai fazer convênio com o Estado para
garantir as passagens para o Ensino Médio, pois o Município não pode dar conta
do transporte do Médio; por legislação federal está previsto que o Estado tem
que dar conta do transporte escolar no Ensino Médio. O Estado do Rio Grande do
Sul ainda não faz isso nos centros urbanos, apenas nas regiões rurais, mas terá
que fazê-lo progressivamente. Há, inclusive, um Inquérito Civil Público
instalado no Ministério Público; nós estivemos em várias reuniões, os Conselhos
Tutelares levaram para o Ministério Público exigindo do Estado providências em
relação ao transporte escolar para o Ensino Médio urbano, porque hoje muitos
jovens da nossa periferia não chegam às escolas de Ensino Médio. Portanto, o
Projeto provoca o Município de Porto Alegre e o Estado a estabelecerem uma
parceria aproveitando esse Programa, o Vou à Escola, que deu muito certo em
Porto Alegre, porque o Vou à Escola não permite que sejam usadas as passagens
por outras pessoas - antes as fichinhas, agora o Tri -, ele é fechadinho para o
ônibus naquela linha, naquele horário da aula, aluno por aluno. E mais,
trabalha com critérios muito claros: aluno que não tem escola próximo à
residência, e diz a partir de qual distância ele tem direito à carteira,
inclusive considerando a idade: de 14 a 24 anos, dois quilômetros; no noturno,
até 24 anos, um quilômetro; até 12 anos por menos de um quilômetro a criança
caminha, a partir de um quilômetro ela pega ônibus. Então, há critérios de
distância, há critérios de renda que a escola tria e informa a SMED. Assim é
para o Ensino Fundamental, e a proposta é que seja para o Ensino Médio também,
com financiamento público pelo Estado.
Eu gostaria muito que a gente fizesse um debate aprofundado
sobre o tema, que foi passado para toda a Casa. Eu acho que seria um passo
fundamental para Porto Alegre enfrentar o grande problema de ter muitos
adolescentes e jovens fora da Escola de Ensino Médio.
Encerro, citando, Ver. Braz, as Escolas de Ensino
Médio Júlio de Castilhos, Paula Soares, até o Instituto de Educação que, por
exemplo, se vocês passarem lá, verão uma faixa: “Temos vagas para o Ensino
Médio noturno”. Qual é o problema? Os nossos jovens não conseguem chegar. Nós
temos salas vazias em todas as Escolas de Ensino Médio centrais em Porto
Alegre, e boas escolas; só não temos como garantir que os nossos jovens, em vez
de desistirem, estejam nas salas do Ensino Médio. São muito importantes medidas
como essa, pois, certamente, uma das barreiras é a passagem escolar, mesmo
sendo meia passagem, que as famílias muito empobrecidas não têm como garantir
aos seus filhos.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Mario Manfro): A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra para
discutir o PLL nº 106/05.
A SRA.
FERNANDA MELCHIONNA: Sr. Presidente dos trabalhos, Ver. Mario Manfro;
colegas Vereadoras e Vereadores, venho apoiar o Projeto da Verª Sofia e da
ex-Vereadora, agora Deputada Federal Manuela d’Ávila, por entender a sua
importância social e, sobretudo, educacional. Nós sabemos, por dados da
Fundação de Economia e Estatística, que muitas são as razões para os jovens
largarem o Ensino Médio antes do tempo. Inclusive a pesquisa feita pela
Secretaria Municipal de Juventude nos coloca um dado preocupante: cerca de 36%
dos jovens não concluem o Ensino Médio. Todos que todosnós
sabemos que háé
uma barreira do ponto de vista do cidadão e, sobretudo, uma barreira para conseguir melhores
trabalhos, depois,
quando já na vida adulta. Eu queria trazer esses dados, porque temos,
certamente, o problema do ingresso no mercado de trabalho cedo demais, o que
faz com que centenas de milhares de jovens abandonem os estudos mais cedo por
conta da alta carga horária.
P,
e, por isso, Ver. João Antonio Dib, temos um Projeto aqui sobre a
questão dos estágios em Porto Alegre, de autoria desta Vereadora, em conjunto
com jovens e a juventude do PSOL, de oferecer oportunidade para os jovens de
mais baixa renda e acabar com o “QI” dos estágios nos órgãos públicos municipais.
Também outro motivo é a gravidez na adolescência, bem lembra o Ver. Valter, que
faz com que muita mulheres deixem jovens a escola porque não têm creches
públicas perto da sua casa. Aliás, numa população de 140 mil crianças em Porto
Alegre, menos de 17 mil são atendidads pela rede pública municipal de
escolas,
mais um dado preocupante para as jovens mães.
Outro fato que faz com que os jovens abandonem o
Ensino Médio certamente é a falta de renda, e, dentre
elas, Verª Sofia, a falta de renda para poder ir para a escola. Uma passagem de
2 reais
e 45 centavos agora,
abusiva, cara, que, mesmo com meio passe, tira da renda familiar centenas de
reais, fazendo com que muita gente não tenha nem os recursos para ir para a
escola.
O Sr. Valter
Nagelstein: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento da oradora.) Agradeço pelo aparte, Vereadora, é s. Só para fazer uma
lembrança. A, acho
que V. Exª tem razão, f. Falei
ali com os jovens e compartilhamos desse raciocínio., Mmas não é só ter creches para abrigar
as crianças,:
é ter métodos contraceptivos e é fazer a prevenção, é usar a camisinha, é fazer
planejamento familiar. Porque a gente caminha aí pelos bairros mais carentes e
vê mães meninas, meninas com 13 anos, 12 anos carregando outra criança no colo.
Isso é um dos piores problemas do Brasil e, precisa ser enfrentado, e só vai ser
enfrentado se nós, quando usarmos o microfone,, falarmos para esses
jovens e dissermos o seguinte: “Previna-se, use camisinha, tenha método
contraceptivo”. Muito obrigado.
A SRA.
FERNANDA MELCHIONNA: Obrigado, Vereador; V. Exª tem toda a razão.
Inclusive ajudaria se houvesse os métodos contraceptivos nos postos de saúde da
Capital, porque isso falta bastante. Ajudaria os jovens – homens e mulheres,
porque os métodos contraceptivos, Vereador Dr. Thiago, V. Exª sabe que servem
tanto para as mulheres, quanto para os homens. Então, a educação sexual tem que
ser para ambos, homens e mulheres, desde a escola, desde o Ensino Fundamental,
e que garanta que os jovens que muito cedo iniciam a sua vida sexualmente ativa
possam se prevenir e sobretudo tenham, nos postos de saúde, o resguardo para
poderem se prevenir.
Queria dar dois exemplos. Primeiro, do relato de
jovens que tentaram pegar pacotes de camisinha para distribuir em festas de
final de ano, percorreram vários postos da Capital e não encontraram aqueles
lotes grandes para poder fazer a distribuição, ajudando na contracepção; outro,
de postos de saúde que, muitas vezes, como já falamos no início do ano – e o
Ver. Dr. Thiago trabalhou em posto e sabe muito bem –, da falta não só de
camisinha, como, muitas vezes, do outro método contraceptivo que é a pílula
anticoncepcional, faltando inclusive aqueles com baixa dose de hormônio
indicados para determinados casos de saúde, inclusive associados com o uso do
tabaco, etc.
O Sr. DJ
Cassiá: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Parabéns pela sua
forma de encaminhar as suas reivindicações; tenho todo respeito por Vossa
Excelência. Mas quero dizer aqui, Vereadora, que o Ver. Valter está certo.
Planejamento familiar é tudo, em primeiro lugar. Em segundo lugar, vou
ressaltar aqui um dos governos que mais investiu em educação de qualidade,
salvo melhor juízo, que foi o de Alceu de Deus Collares, na implantação dos
CIEPs. Não vou discutir qual foi o Governo que veio depois e acabou com essa
educação de qualidade que se chama “escola de turno integral”. Bom, quero dizer
aqui que o Governo que mais investiu em escolas infantis, que são as creches,
se chama José Fogaça. Muito obrigado.
A SRA. FERNANDA
MELCHIONNA: Só para concluir - já sei que meu tempo acabou; desculpe, Ver. Dr.
Thiago -, além do problema do planejamento familiar, Ver. DJ, temos que
resolver o problema do que estão agora em idade escolar e que precisam ir para
a escola e que precisam ter acesso aos métodos. Portanto, queria encaminhar
favoravelmente ao Projeto da Verª Sofia, lembrando que a Deputada Federal
Luciana Genro aprovou um milhão de reais para as creches, lá do Governo
Federal, e que infelizmente não foi executado para ajudar no problema das
creches.
O Sr. Dr.
Thiago Duarte: V. Exª
permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Só para contribuir com a sua
fala, Verª Fernanda, todos os métodos contraceptivos são importantes:
camisinha, pílula anticoncepcional, injeção e os implantes.
A
SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Mario Manfro):
O Ver. Airto
Ferronato está com a palavra para discutir o PLL nº 106/05.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores,
sou favorável e vou votar favoravelmente ao Projeto da Verª Sofia e da hoje Deputada Federal Manuela d’Ávila. Quero dizer - aliás, já falei desta tribuna - que os Municípios do interior do Estado, desde os menores e mais
distantes Municípios, eles têm implantado o sistema de transporte escolar para
estudantes. E o que eles fazem com os seus ônibus ou micro-ônibus? Eles vão às
casas de todos os moradores do Município que tenham crianças em idade escolar,
pegam essas crianças, levam-nas para o colégio, meu caro Ver. DJ, e depois, ao
final da aula, pegam essas crianças e as deixam em suas casas. Isso funciona
inclusive para crianças em idade de creche. Eu tenho dito e repetido que isso é
um extraordinário avanço e um grande formato para até incentivar o menino, a
menina, a criança a ir à escola. Isso com verbas inclusive do Governo Estadual.
Temos acompanhado, por diversas vezes, manifestações de Prefeitos contra o
Governo do Estado - não contra a Governadora Yeda -; isso vem desde os
primeiros momentos em que se instituiu esse tipo de transporte. Todas as vezes
que qualquer governo não repassa recursos aos Municípios, os Prefeitos se
mobilizam para isso. Em Porto Alegre as coisas não têm funcionado assim. Aliás,
eu já tenho dito, e já disse certa vez, que, há mais de 50 anos, acompanho a
vida da criançada do interior do Estado - do interior do Interior, não é da
cidadezinha, não, é da vila, da colônia, da linha -, de moradores e de
estudantes, e constatei que antigamente iam médicos, iam dentistas àqueles colégios,
mas hoje vejo que isso não tem mais acontecido na dimensão que deveria
acontecer. Então, acredito que é necessário que se dê ao estudante da escola
pública - e eu quase sempre estudei em escola pública - a condição de ir à
escola. Em primeiro lugar, se dermos a esses estudantes a condição de irem à
escola e se tivermos uma boa escola pública, eu tenho certeza de que diminuiria
o custo da escola particular, porque - hoje tenho acompanhado e vejo muito de
perto isso - o sonho da mãe e do pai é levar a criança para a escola
particular. É um sonho generalizado que temos. Por que isso? Porque não se está
acreditando na escola pública. A esmagadora maioria do porto-alegrense não
acredita nisso. Com relação a isso somos obrigados, forçados, Ver. Todeschini,
a reverter esse quadro. Não é possível que família que ganhe muito pouco tenha
que fazer um sacrifício enorme de levar a criança para a escola privada. Isso é
um equívoco! Nós temos que incentivar a escola pública, e para isso nós
precisamos de ensino de qualidade na escola publica; precisamos levar essa
criança até a escola pública, porque - e eu concordo -, sem entrar no mérito do
custo da passagem, para os pais e mães de baixa renda, não há como fazermos
essa ida à escola sem ser pagando menos.
Então, qualquer projeto - e estamos aqui discutindo
este Projeto - que vá viabilizar, facilitar e fazer com que seja possível ao
nosso jovem, também do Ensino Médio, ir à escola é um projeto que deve merecer
- e precisa merecer - uma atenção de todos nós. E mais, sem estarmos
preocupados em isentar a passagem... Não, não, vamos isentar a passagem, vamos
fazer com que o Poder Público arque com o custo de levar a nossa meninada para
a escola, Vereador. Acho que este é um belo Projeto e é uma forma de fazer com
que Porto Alegre também se insira nisso, porque, parece-me, o aluno de Porto
Alegre tem aquela meia passagem ou a passagem integral às custas da isenção, o
que valoriza, aumenta o valor da passagem para quem vai pagar. Então, o Projeto
tem méritos e sou favorável a ele.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra para
discutir o PLL nº 106/05.
O SR. CARLOS
TODESCHINI: Ver. Manfro, na presidência dos trabalhos, Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, Verª Sofia, especialmente, que, em conjunto com a Verª Manuela -
hoje Deputada Federal -, à época em que o Projeto foi protocolado aqui na Casa,
tiveram essa brilhante e necessária iniciativa; conheci vários casos de
crianças que tinham como pré-condição para acessar a escola, a gratuidade do
transporte. De outra maneira não teriam acesso à escola, pela distância ou pela
matrícula ser concedida em uma área diferente da área de moradia da família.
Então, este é um Projeto que merece todo o apoio, e foi muito bem dito aqui: é
um Projeto que prevê orçamento, prevê uma outra condição, pois não estão em
questão aí as isenções ou alterações do sistema de cálculo. Evidentemente que
isso reforça a ideia da necessidade, da importância e da qualificação da escola
pública. A escola pública tem que ter qualidade, e os países que já fizeram
isso, a exemplo da Coreia do Sul, estão dando mostras de que esse é o caminho
mais seguro, mais democrático e mais universal para o desenvolvimento.
Eu quero fazer um destaque, já que estamos tratando
de transporte, e o ponto anterior foi muito debatido em Liderança, eu acho que,
de fato, não são transparentes o suficiente as decisões do Comtu na forma como
é composta a tarifa. Tanto é que, no ano passado, nós tivemos uma diminuição de
9% no valor do óleo diesel, que é um dos principais insumos para a composição
do preço, e mesmo com essa redução, Verª Sofia, não houve nenhum centavo de
diminuição da tarifa, pelo contrário, aumentou. Vejam só, enquanto a regiões
metropolitanas e outras cidades do Brasil diminuíram o preço das passagens,
Porto Alegre aumentou. Isso não é certo! Também não vale dizer que tendo em
vista o aumento do salário-mínimo, o transporte tem de aumentar, pois não há
uma correspondência; o salário-mínimo é uma coisa, o salário da categoria e da
data base é outra completamente diferente. O demais salários não aumentam na
mesma proporção que o salário-mínimo, é sempre menos, porque o salário-mínimo
tem aumentado mais que a inflação e tem tido ganhos reais. Portanto, não vale
aqui dizer que, tendo aumentado o salário-mínimo em 9%, também as passagens têm
de aumentar em igual proporção. É equivocado, lamentavelmente não há
transparência necessária e não há elementos que justifiquem esse aumento. Eu
tenho feito referência e comparação a diversos outros produtos. Por exemplo, se
você vai comprar remédios, pode ver que os remédios, ao longo de três anos, têm
diminuído de preço, e a maior parte das tarifas públicas tem-se mantida
estabilizada. Por que o transporte tem que ter esse grau de aumento? Não é
aceitável! Estão forçando a barra; existem pessoas que estão ganhando sem o
necessário embasamento e justificativas. Infelizmente o Comtu é “chapa branca”,
mas é possível reformular isso, sim; é preciso que a sociedade tenha um peso maior.
Fui Diretor-Geral do DMAE, e o Diretor-Geral do
DMAE sequer voto tem, a não ser em caso de desempate, na decisão das tarifas; é
só a sociedade civil que toma a decisão. Já no transporte não pode; por que tem
que ser tudo oficial? Está errado! E, por isso, novamente, essa conta é
repassada à sociedade. Só nessa diferença do óleo diesel dá aproximadamente um
milhão e meio por mês de ganho do subsídio que foi dado pelo Governo Federal e
que não foi repassado ao usuário; ele deveria ter sido realinhado, ou seja,
para menos; deveriam ter sido rebaixadas as tarifas. Isso não aconteceu. Agora
a gente vê o absurdo da elevação nesses patamares.
Para concluir, Sr. Presidente, venho aqui me
manifestar favoravelmente e louvar a iniciativa das Vereadoras Sofia e Manuela,
porque isso é uma questão, sim, de inclusão social, é uma política social de
garantir a educação, o acesso à escola para as crianças, em especial as
carentes, pois sem isso elas muitas vezes não podem ir à aula. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mario Manfro): Eu solicito a aproximação dos Srs. Líderes para que
possamos definir a sequência dos trabalhos.
A SRA. SOFIA
CAVEDON (Requerimento): Sr. Presidente, eu gostaria de solicitar o
adiamento da discussão do PLL nº 106/05 por duas Sessões, para amadurecermos a
opinião entre as diferentes Bancadas.
O SR. ERVINO
BESSON (Questão de Ordem): Consulto V. Exª se com esse adiamento fica valendo
o espelho das inscrições para a discussão.
O SR.
PRESIDENTE (Mario Manfro): Sim, fica valendo.
Em votação o Requerimento de autoria da Verª Sofia
Cavedon, que solicita o adiamento da discussão do PLL nº 106/05 por duas
Sessões. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
O SR. ADELI
SELL (Requerimento): Requeiro a V. Exª que seja retirada a priorização
do PLL nº 061/07, com Substitutivos nº 01 e 02, de minha autoria e da Verª
Maristela Maffei.
O SR.
PRESIDENTE (Mario Manfro): Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Adeli
Sell, que solicita a retirada de priorização do PLL nº 061/07. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
O SR. VALTER
NAGELSTEIN (Requerimento): Sr. Presidente, da mesma forma, requeiro o
adiamento da discussão do PLE nº 017/09, que cria o turismo Aquaviário no
Município de Porto Alegre, por uma Sessão.
O SR.
PRESIDENTE (Mario Manfro): Em votação o Requerimento de autoria do Ver.
Valter Nagelstein, que solicita adiamento da discussão por uma Sessão do PLE nº
017/09. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.)
APROVADO.
O SR. VALTER
NAGELSTEIN (Requerimento): Sr. Presidente, também requeiro o adiamento da
discussão do PLL nº 164/06 por uma Sessão, que foi desarquivado pela Verª
Maristela Maffei.
O SR.
PRESIDENTE (Mario Manfro): Em votação o Requerimento de autoria do Ver.
Valter Nagelstein, que solicita o adiamento da discussão do PLL nº 164/06 por
uma Sessão. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Encerrada a Ordem do Dia.
Passamos às
O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra em
Comunicações.
O SR. CARLOS
TODESCHINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, a fala de
alguém que talvez não conheça os detalhes e a realidade não dá salvo-conduto a qualquer
um. Eu estou falando aqui em relação aos acontecimentos da Saúde, envolvendo a
Prefeitura Municipal, e em especial o Sr. Prefeito José Fogaça.
Quero falar aqui para o líder do Governo, que antes
fez manifestação em Comunicação de Líder, e quis minimizar a situação drástica
que envolve a figura do Sr. Prefeito. Por que isso? Porque não se trata aqui,
mais uma vez, de o Prefeito e de as autoridades municipais se colocarem como
vítimas de uma situação, porque não é a primeira vez que isso acontece de forma
muito grave.
Ocorreram, em 2006, os episódios envolvendo a
tentativa de desvio de mais de 200 milhões de reais, naquele processo do lixo,
que envolvia a Direção do DMLU, anulados na Justiça. Houve o caso da anulação
daquele processo do ISSQN, da tentativa de terceirização, que envolvia a
tentativa do desvio de 25 milhões de reais. Não se trata aqui daquele processo,
por exemplo, anulado na Justiça também, de licitação fraudulenta, naquele
projeto de mudança da iluminação pública.
Trata-se, isto sim, de um desvio que já chega a
nove milhões e meio de reais na área da Saúde. E vá lá que queiram minimizar o
assunto, mas não podem, e nem se colocarem de vítimas, nem dizer que o Prefeito
não sabia, porque ele foi notificado pelo Ministério Público da gravidade da
ação, da gravidade do contrato em 23 de outubro de 2007. E diz o Ministério
Público, entre outras coisas, Ver. Ervino: “...ao que consta no referido
processo administrativo, a proposta financeira do Instituto Sollus foi acolhida
integralmente, ausente qualquer análise crítica aparente de sua economicidade”.
E aí foram pagos os valores adiantados para uma instituição que sequer portas
abertas tinha.
O superfaturamento no aluguel de um relógio-ponto -
que, se adquirido, custaria três mil reais, não chegaria a quatro mil reais -:
foram pagos 25 mil de aluguel de um relógio-ponto. E mais inúmeros outros
pagamentos ilegais; e o Prefeito sabia, sim, de tudo, e há tempo, há mais de
dois anos.
E não é porque o Prefeito tem um plano de saúde
particular do Senado, que vamos considerar nove milhões e meio de reais algo
insignificante. Aqui está configurada uma fraude gigantesca contra os cofres
públicos, ainda mais onde nós temos uma saúde precarizada, uma Saúde que atende
muito mal à nossa população, um atendimento que piorou muito nos últimos anos.
Então, vejam só, o Vereador-Líder do Governo quis
minimizar a situação, quis dizer que nós estamos fora de sintonia, fez uma
ironia aqui, isso é até tentar menosprezar a inteligência dos demais
Vereadores, mas, na verdade, aqui estão as provas de que o Prefeito era
conhecedor, foi notificado de que estava em curso não só um contrato temerário,
mas uma grande fraude contra a Saúde pública e contra o Município de Porto
Alegre. Esta é a questão que tem que ser dita, porque até hoje, nos outros
momentos, quer sejam no Pisa/DMAE, quer seja na licitação anulada do lixo, na
licitação anulada da Fazenda, na licitação anulada na mudança da iluminação
pública, e em muitos outros casos, a questão da reação, Verª Sofia, o Prefeito
sempre quis posar de vítima; não cabe! Não cabe aqui no caso, porque ele foi
notificado pelo Ministério Público do Patrimônio Público, dizendo da temeridade
do contrato, que se apresentava a possibilidade real de o Município ser lesado
em grandes proporções. E o foi, e está aqui a prova, dois anos depois.
Portanto, não existe aqui salvo-conduto para
manifestações gerais de autoridade A, B ou C. Nós temos que ir a fundo, porque
temos que saber quem vai devolver o dinheiro que foi desviado: se é o Secretário
da Saúde, se é o Secretário da Fazenda - que tem a responsabilidade pelo
pagamento - se é o Procurador-Geral do Município, se é o Prefeito Municipal.
Esse dinheiro tem que voltar aos cofres públicos. Por isso tem-se que ir a
fundo na questão; devem ser investigados, os responsáveis têm de ser apontados,
e o dinheiro tem de ser devolvido, porque é dinheiro público.
Sr. Presidente, parece que a fraude não termina aí,
ela é maior do que 9,5 milhões; tem mais, sim, Vereador. Obrigado pela atenção
de todos.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Dr. Raul está com a palavra em Comunicações.
O SR. DR.
RAUL: Nobre Ver. Mauro Pinheiro, Vereadores, Vereadoras, todos os que nos
assistem, aproveito este momento de Comunicação para, em primeiro lugar, fazer
uma verificação positiva para a Cidade. Eu estive visitando, há uns 15 dias, o
nosso Centro Municipal de Planejamento Familiar. Na realidade, tivemos a
oportunidade de propor esse Projeto, que se transformou em Lei, e agora é um ganho
para a Cidade, e está indo muito bem. Estivemos lá conversando com o Sr.
Coordenador-Geral, com as pessoas que lá trabalham, estamos vendo que estamos
avançando muito nessa área na nossa Cidade de Porto Alegre.
Aproveitando o assunto que a Verª Fernanda,
anteriormente, colocou, sobre a necessidade de creches para as crianças de mães
adolescentes, eu gostaria de dizer que acho que, realmente, as creches são
muito importantes, que o Governo Fogaça tem se esmerado, inclusive, trazendo
novas creches para as nossas crianças de periferia, que são as que mais
precisam, mas, na realidade, nós temos que nos preocupar é com a prevenção da
gestação na adolescência, que está muito claramente vinculada àquelas gestações
não desejadas, as quais nós pretendemos evitar. Então o nosso foco, em primeiro
lugar, deve estar no planejamento familiar, no controle das doenças sexualmente
transmissíveis, e temos que procurar fazer com que a sociedade tenha a sua
prioridade voltada para que nós tenhamos os filhos que realmente possamos
criar, dar educação, enfim, dar todos os métodos possíveis para uma qualidade
de vida melhor.
Em relação a essa questão da Sollus, que vem sendo
trazida, nos parece, realmente, ser muito importante a sua verificação, e a
situação está sendo realmente verificada, e muito bem, por vários órgãos, não é
por um, nem dois, nem três - os órgãos federais, estaduais, e o próprio
Município já esteve aqui dizendo que está fazendo a sua parte, dando a
cronologia do que aconteceu, e fazendo o que, juridicamente, deve ser feito
nesta matéria. A Comissão de Saúde desta Casa também tem feito o seu trabalho,
já se reuniu com as pessoas envolvidas, e vai tocar este assunto para frente. A
verificação, realmente, tem que ser feita, e devem ser punidas aquelas pessoas
que tenham cometido algum delito em função desse grande furo financeiro que
está aí. Eu acredito que os órgãos públicos estão fazendo a sua parte.
Sobre a CPI, que é muito falada aqui na Casa,
normalmente o que nós temos visto? Nós temos visto que as CPIs vêm para
provocar o Ministério Público, para fazer levantamentos de questões; e, nesta
questão, isso já vai muito além de uma CPI nesta Casa. Então, a CPI, o que é? É
um fato político que está sendo criado para poder ser usado no ano eleitoral e
para fazer com que o nosso Prefeito, que, claramente, não tem nada a ver com
isso, seja, de algum modo, implicado. Eu acredito que, nesta questão, a Sollus
tem que ser realmente punida, as pessoas envolvidas têm que ser punidas na sua
integralidade, mas me parece de uma clareza meridiana que isso não chega ao
Prefeito Fogaça. Nós veremos agora, o futuro vai mostrar mais claramente esta
matéria.
Outra questão que eu gostaria de colocar, ainda na
área da Saúde, é que realmente estamos avançando na questão das UPAs em Porto
Alegre, nas Unidades de Pronto Atendimento 24 Horas. Esperamos que, depois de
um trabalho de praticamente dois anos junto à Secretaria do Estado, à
Secretaria do Município, ao próprio Ministério da Saúde, que a primeira unidade
já se materialize nos próximos meses, ali no Eixo Baltazar, no terreno do
Centro Humanístico Vida, para atender em torno de 450, 500 pessoas por dia, o
que dará outra qualidade, em especial, para aquelas pessoas que procuram
desnecessariamente as nossas emergências, podendo ter o seu problema resolvido
junto às suas comunidades, junto ao bairro, fazendo aquele contato
intermediário entre o posto de saúde que, muitas vezes, não têm aquela
resolutividade para determinadas questões. Então, essas questões que não
deveriam estar no hospital, vão ser mais bem resolvidas, e o atendimento da
Saúde será de uma maneira mais dinâmica, mais efetiva, pois nós precisamos,
realmente, diminuir o fluxo de pessoas nas nossas emergências, e isso passa
pelas UPAs e passa também por um novo estudo dos leitos em Porto Alegre, que
vêm sendo reduzidos nos últimos 15 anos. Em vez de aumentar os leitos
hospitalares para o SUS, em Porto Alegre, eles vêm, infelizmente, sendo
diminuídos, o que faz que nós todos percamos em saúde, percamos em qualidade de
vida.
Então, queremos deixar essa mensagem positiva, de
avanço, que é a questão das Unidades de Pronto Atendimento 24 Horas.
Concluo dizendo que as questões do planejamento
familiar são iniciativas muito boas que temos na Cidade, que estão se
materializando; temos aqui o Ver. Thiago, que trabalha nesta linha assim como
tantas outras pessoas que trabalham voltadas para isso, na sua integralidade.
Saúde para todos.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. DJ Cassiá está com a palavra em
Comunicações.
O SR. DJ
CASSIÁ: Sr. Presidente, senhoras e senhores Vereadores, demais presentes nesta
Casa, pena que a Bancada dos meus grandes colegas do Partido dos Trabalhadores,
não está presente, pois eu não gosto de falar quando o Vereador não está
presente. Mas está o Ver. Oliboni, o meu grande Líder. Eu não vou fazer defesa,
mas quero, aqui, só lembrar que o Líder do Governo não colocou palavras dele
naquele momento, ele narrou o que a Ministra Dilma falou do Prefeito José
Fogaça, dizendo que o Prefeito Fogaça era tudo aquilo que ele relatou aqui, mas
eu quero dizer que o Projeto Vou à Escola já beneficia seis mil jovens. Ora, é
muito pouco! Claro que devemos aumentar esta proporção, até mesmo, Ver. Ervino,
porque há muita gente passeando de ônibus, como disse muito bem o Ver. Melo,
gente passeando de ônibus com condições bem mais do que um trabalhador que está
sem emprego. Salvo melhor juízo, Ver. Brasinha, parece que o Oficial de Justiça
não paga passagem. Ora, quanto ganha um Oficial de Justiça? Nada contra. E
quanto ganha um pedreiro? Então vamos discutir tudo!
Sobre a questão da Saúde: a Saúde é um caos no
Brasil! Eu não estou querendo, Ver. Ervino, fazer a defesa e ser advogado do
capeta - desculpem a expressão -, mas a Saúde é um caos! Problemas na Saúde,
aqui, no nosso Município, já vem há muito tempo, já vem há muitos anos! Só que
eu entendo que as fichas, Dr. Thiago, que se tem quando se é oposição é achar
uma forma de lá e de cá de atacar a situação. Eu quero dizer aqui, Dr. Thiago,
o senhor, que é um militante; o Ver. Luciano Marcantônio também, nas bases, a
gente sabe o quanto a nossa Educação, a nossa Cultura é esquecida em nível
nacional.
Agora, eu quero dar os parabéns ao Governo
Municipal. Eu estou sem os dados aqui - acho que até já chegaram. Eu, só num
dia, como era Presidente da Comissão de Educação, Esporte e Lazer, Juventude da
Casa, Ver. Ervino - o senhor participou comigo -, só num dia, nós participamos
de seis inaugurações de escolas infantis. Só num dia! Até agora, Ver. Ervino,
foram 37 novas escolas infantis inauguradas. É uma revolução em educação
infantil! Quando as coisas estão erradas, a gente tem que dizer; agora, quando
as coisas estão boas, tem que vir aqui falar também. E eu quero dar os parabéns
ao Governo do Município por investir, porque governo que tem boas intenções;
Governo bem-intencionado investe em educação de qualidade! Olha aqui,Ver.
Brasinha, vou dizer ao senhor: uma escola com porta fechada é uma vaga que se
abre para o crime! Muitas vezes é muito mais fácil para um governo pagar um
delegado, um escrivão, um carcereiro, enfim, investe em água, luz, comida, e lá
vai o custo de um presidiário no mínimo para dois, três mil reais. Esses dois
mil, três mil reais, se investidos em Educação, se daria uma educação de
qualidade. Agora eu acho que não há interesse! Ver. Oliboni, eu não estou aqui
julgando; eu estou aqui só falando da dor. Ninguém melhor para dizer da dor do
que aquele que já sentiu dor. Eu já senti dor e continuo sentindo dor, porque
eu continuo dentro das bases, continuo dentro das comunidades, e a gente sabe o
que é a necessidade.
O Sr. Ervino
Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. DJ Cassiá,
quero agradecer o aparte. Quero dizer que, de fato, nós acompanhamos, juntos, a
inauguração de seis escolas num só dia. E digo mais, Vereador: olha a qualidade
das escolas, a estrutura das escolas. Eu digo isso, porque eu não nasci ontem
em Porto Alegre; conheço essa história ao longo dos anos. Eu tenho que
parabenizar, sim - como V. Exª está fazendo, com muita competência - o trabalho
do Prefeito Fogaça, juntamente com a Secretaria. Muito obrigado.
O SR. DJ
CASSIÁ: Obrigado, Ver. Ervino. Para concluir, meus colegas, imprensa, demais
senhoras e senhores presentes nesta Casa, o que eu estou relatando aqui eu não
li em jornais e nem vi na televisão. Eu estava lá, aconteceu: essas escolas
foram inauguradas. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Luciano
Marcantônio está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. LUCIANO
MARCANTÔNIO: Obrigado, Presidente Ver. Mauro Pinheiro. Quero informar que hoje, pela
manhã, eu estive lá no leito da freeway
tratando de um assunto importantíssimo que envolve o drama de 16 famílias que,
há quatro anos, ocuparam uma área pública e que lá se estabeleceram. Acontece
que, hoje, essa área ocupada está obstruindo a conclusão das obras da Concepa à
beira da freeway. E eu, a convite dos
moradores daquela comunidade que fica entre a Vila Liberdade e a freeway, estive lá mediando este assunto
e acredito que, com a consciência e com a pressa da Concepa, nós tenhamos um
bem sucedido acordo entre os moradores daquela região e a Concepa.
Vou ficar alerta, fiscalizando e sempre presente
para o que aquelas 16 famílias tenham um resultado digno nessa negociação com a
Concepa, inclusive com a participação do DEMHAB.
Mas eu queria comentar - que é mais importante,
porque é um drama também de exclusão social - sobre a realidade dos moradores
das Ilhas. Eu tenho cada vez mais participado e estado presente na Ilha dos
Marinheiros, na Ilha Mauá, na Ilha da Pintada e na Ilha das Flores. Há dois
assuntos que, rapidamente, vou comentar, que considero de alta importância
social. Na Ilha Grande dos Marinheiros, depois dessa quantidade de chuva,
surgiram buracos e desníveis na avenida principal, atrapalhando a realidade não
só dos moradores como dos comerciantes da região.
Então, com a autorização da Secretaria Municipal do
Meio Ambiente, que já procurei, vamos buscar, na SMOV, a terraplanagem para,
pelo menos, essa avenida principal, o que já seria uma conquista importante
para os moradores da Ilha Grande dos Marinheiros.
Outro assunto é referente à Ilha Mauá, onde há um
pontilhão há mais de 20 anos, ligando a essa ilha à Ilha da Pintada. É o sonho
de 340 moradores daquela região a sua reforma, e a Secretaria Municipal do Meio
Ambiente conquistou, através de convênio com a CEEE, o material para que essa
ponte seja reformada e fique de acordo para suportar a passagem de veículos e
das pessoas que moram na Ilha Mauá, sem riscos, porque ali já ocorreram
inúmeros acidentes com os moradores. Os 340 moradores daquela região, hoje,
correm risco ao transitar pelo pontilhão, que está velho e danificado, sem
falar na impossibilidade de acesso aos bombeiros, à Brigada Militar, por não
ser possível à passagem de um veículo por ali.
Então, amanhã, às 14h30min, estarei lá na Ilha Mauá
com a Srª Vânia Mara Ângelo da Costa, gestora do Parque Delta do Jacuí.
Aproveito e saúdo a Drª Ângela, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, por
ter conquistado esse convênio com a CEEE, e vamos buscar, através da
Prefeitura, a mão de obra, que é somente o que falta para que esse pontilhão
seja reformado e tenhamos, então, garantido o acesso dos moradores da Ilha Mauá
à Ilha da Pintada, sem nenhum risco e com maior qualidade.
Então, a essas questões das Ilhas, acho que nós,
políticos, devemos dar mais atenção, devemos estar mais presentes, porque a
exclusão social que esses moradores de baixa renda dessas regiões sofrem é
muito grande, e para lá a falta de políticas públicas também é muito grande.
Então, onde houver um cidadão porto-alegrense humilde precisando do auxilio do
Poder Público, independente da distância, independente da quantidade de moradores
que está lá, nós, que representamos o braço social, que representamos as
políticas públicas para o bem de qualquer cidadão de Porto Alegre, temos que
estar presente. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Alceu Brasinha está com a palavra em
Comunicações.
O SR. ALCEU
BRASINHA: Sr. Presidente, Ver. Mauro Pinheiro; Srs. Vereadores, achei muito
interessante este jornalzinho que recebi sobre o Projeto Cais do Porto. Eu
votei favorável ao Projeto, que considero muito interessante. Quem quer que
Porto Alegre avance quer que aquela área seja ocupada imediatamente,
possibilitando empregos e turismo. Mas, Ver. Nilo Santos, Ver. Nelcir Tessaro,
quero dizer aos senhores que fiquei muito chateado ao abrir este panfleto
medíocre, de péssima qualidade que a Verª Sofia Cavedon apresenta. Eu acho que
a Verª Sofia Cavedon errou, porque ela fez um panfleto dizendo que há a
“Bancada do concreto”, Ver. Nilo Santos. Quem é a “Bancada do concreto”? Ela
tem que dar os nomes! Quem são esses Vereadores? Que eu saiba, há 36
Vereadores, e todos têm nome. E, simplesmente, a Vereadora bota isso num
panfleto e joga na rua.
E mais: eu acho um desrespeito para com todos os
Vereadores fazer isso. É um absurdo! Uma Vereadora competente como a Verª Sofia
Cavedon apresentando um panfleto de péssima qualidade, falando dos próprios
colegas. Ver. Nilo Santos, quero lhe dizer que isto é muito triste e muito
chato: uma Vereadora, num jornalzinho, falar em “Bancada do concreto”. Que
Bancada é essa?! Todos os Vereadores têm nome; o meu é Alceu Oliveira da Rosa;
o seu é Nilo Santos; tem o Ver. Mauro Pinheiro. Por que ela não dá nomes? Tem
que dar nomes! Falar é fácil. Todos nós, Vereadores, estamos aqui querendo
saber quem são os Vereadores da “Bancada do concreto”, Ver. DJ Cassiá. Quem são
esses Vereadores?!
Eu quero dizer para a Vereadora que eu não faço
parte de “Bancada de concreto” nenhuma, porque não conheço os empresários do
setor imobiliário. Não conheço! Eu sou um Vereador que gosta do crescimento da
Cidade e quer que Porto Alegre avance e que tenha mais emprego. Mas, se a
Vereadora é contra, não pode jogar um panfleto destes na rua, falando na
“Bancada do concreto”. E mais: ela apresenta uma figurinha aqui muito
interessante. Eu queria saber também quem é esse Vereador que está sentado
embaixo de um guarda-sol e com a estrelinha do PT. Eu gostaria de saber quem é
esse Vereador. Diz ali que, logo após o Projeto ser votado, o Vereador foi
localizado. Se ela fez este desenho, insinuando algo, tem que colocar nome,
porque ninguém faz insinuação sem ter provas. A Vereadora não está aqui agora,
mas eu gostaria muito que ela estivesse, porque eu não sou de falar das pessoas
pelas costas.
Vereadora, a senhora chegou neste momento, eu quero
lhe dizer que tenho o maior respeito pela senhora, admiro muito o seu trabalho,
mas nisto aqui, Vereadora, a senhora pegou muito mal. Quem faz parte da
“Bancada do concreto”, Vereadora? Dê os nomes dos Vereadores, eu gostaria de
saber.
A Srª Sofia
Cavedon: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Em primeiro lugar,
sempre que eu fizer uma crítica a qualquer de V. Exas, vai ser a
minha forma de respeitá-los, porque eu acho que a indiferença é uma das piores
formas de agressão. Então, quando a gente dialoga na divergência, a gente está
respeitando o oponente. É com esse respeito que participei desse projeto do
Movimento - Defenda a Orla. A minha participação aqui é num textinho, em que eu
sintetizo as minhas opiniões, já muito conhecidas por Vossa Excelência. Aqui há
participações de outros cidadãos que se expressam na forma de cartuns. O
movimento social se organizou, Ver. Brasinha, para fazer o contraponto ao
modelo de cidade. Quero dizer isso com todo o respeito e carinho, como sempre
fizemos o debate. Não estão nominados os Vereadores. Eu, muitas vezes, fui
caracterizada na “Bancada dos ecochatos”, outros são caracterizados em outras
Bancadas. Assim se faz, é uma forma de fazer o debate político.
O SR. ALCEU
BRASINHA: Obrigado, Vereadora, mas quero dizer que a senhora não me convenceu com
a sua resposta. Eu, realmente, refleti a tarde toda, olhando, imaginando, Ver.
Nilo Santos, pensando como a Vereadora tomou uma atitude dessas. Eu acho que a
Vereadora deveria estar junto com o Radicci, fazendo aquelas tiras lá Zero
Hora, porque, se a senhora leva por essa opinião... Mas eu quero, Ver. Nilo
Santos, dizer que eu não faço parte da “Bancada do concreto”, jamais na minha
vida, porque tenho linha, sou um Vereador humilde, tenho educação e honra.
Quero dizer que a senhora não foi feliz nessa, Verª Sofia Cavedon. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Nilo Santos está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. NILO
SANTOS: Sr. Presidente, Ver. Mauro Pinheiro; Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, servidores desta Casa que trabalham conosco, senhores e senhoras
que nos acompanham neste momento; Verª Sofia Cavedon, o Ver. Brasinha tem razão
em todas as palavras dele. A senhora tenta se isentar da construção deste material
aqui, mas, no momento em que um material destes atinge algum Vereador desta
Casa... (Mostra o folheto.) Não sei quem é este que está sentado ali, e,
embaixo, está escrito (Lê.): “Vereador da Bancada do concreto no gozo de seu
merecido descanso, após a aprovação do Projeto Pontal do Estaleiro.” Quer
dizer, então, que alguém recebeu dinheiro e depois foi gozar esse dinheiro?
(Aparte antirregimental da Verª Sofia Cavedon.)
O SR. NILO
SANTOS: Não tem nada de sua interpretação, ninguém é burro aqui! Ninguém é burro
aqui, Verª Sofia Cavedon, por favor! Aqui tem outro (Lê.): “Valmir Espigãomann,
também conhecido como João César da Silva, orienta a Bancada do concreto.” Mas
que Bancada é essa? Da Casa em que a senhora trabalha, da qual é Parlamentar,
da Casa que a senhora deveria, lá fora, defender, porque, quando atinge algum
Vereador aqui, atinge a sua imagem também, atinge a imagem dos servidores desta
Casa, tudo o que se constrói aqui fica manchado lá fora, Verª Sofia Cavedon! A
senhora ainda teve coragem de ir lá e colocar um texto, como quem diz: “Eu
assino embaixo, tudo o que está aí é como penso!” Não pode ser, Verª Sofia
Cavedon! Nós vamos remar cada um para um lado? Isso não é oposição, Verª Sofia
Cavedon! Infelizmente, isso não é oposição.
A Srª Sofia
Cavedon: V. Exª permite um aparte?
O SR. NILO
SANTOS: Não posso lhe conceder aparte, pois estou no período de Liderança.
E aqui segue uma série de deboches. Enganaram-se
nos desenhos, porque, em cima desta retroescavadeira, à beira-mar, curtindo o
dinheiro que recebeu para aprovar o Pontal do Estaleiro, há um Vereador
deitado, de chapéu, debaixo de um guarda-sol; enganaram-se e colocaram uma
estrela. Já ligando que é algum Vereador do PT, Vereador da estrela! Erraram
até no desenho, pegou mal isso, Verª Sofia Cavedon! Inclusive, por causa deste
material, a senhora deve desculpas aos seus colegas agora. O Ver. Adeli Sell
era favorável ao Pontal do Estaleiro, e, daqui a pouco, vão dizer que é o Ver.
Adeli Sell que está ali, está de chapéu ainda! Isso é uma maldade para cima do
Ver. Adeli Sell, se a senhora não o quer mais no seu Partido, manda para o meu!
Manda para o nosso, porque ele é um excelente Vereador! Pegou mal isso, Verª
Sofia Cavedon, infelizmente.
Já que vai sacanear os seus colegas, sacanear esta
Casa, é melhor que faça bem feito, porque isso ficou muito ruim, ficou feio
para a imagem da Casa, ficou feio para os Vereadores, ficou feio para a
senhora, pois a senhora é maior do que isso, Verª Sofia Cavedon. Não é este
materialzinho que vai lhe promover ou lhe dar algum tipo de projeção. Não, Verª
Sofia Cavedon, isto é um materialzinho que serve para chacota, para deboche
até. As pessoas debocham dos Vereadores hoje e vão olhar isto e dizer o quê?
“Ah, então funciona assim a Câmara de Vereadores? Então, é chegar lá e comprar
os Vereadores? É assim que os Vereadores da Casa trabalham?” Não é, Verª Sofia
Cavedon, a senhora sabe que não é assim.
O Ver. Oliboni está até se retirando com vergonha
da sua atitude, ele nunca mais vai usar chapéu na vida! Eu também teria
vergonha, se o Ver. Marcello Chiodo fizesse isso, ou o Ver. DJ Cassiá, ou o
Ver. Brasinha, ou o Ver. Tessaro, se algum Vereador da minha Bancada tivesse
feito um material destes. Eu lhe confesso, eu teria vergonha e iria conversar
com ele, para que recolhesse o material, porque isso, infelizmente, mancha a
imagem de toda a Casa, de todo o Parlamento, infelizmente! Nós festejamos tanto
que a Câmara de Porto Alegre é diferente das outras. Por favor! É diferente
realmente, Verª Sofia Cavedon, a senhora sabe, é diferente! É diferente de toda
a sacanagem que existe por aí, esta Casa é diferente. Nós somos de Partidos
diferentes, nesta Casa tem oposição, tem situação, mas, depois de toda
discussão, somos todos amigos e mantemos o respeito. Há respeito mútuo, e este
material aqui, Verª Sofia Cavedon, é um material desrespeitoso, não condiz com
a sua conduta até aqui nesta Casa, não condiz com a conduta dos Vereadores
desta Casa.
Portanto, antes de querer justificar qualquer
coisa, Verª Sofia Cavedon, eu acho que ficaria muito legal da sua parte se a
senhora pedisse desculpas e recolhesse o material. Obrigado, senhoras e
senhores.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Nilo Santos falou em Comunicação de Líder.
(Pausa.)
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Como eu não tenho espaço de Liderança para falar sobre o tema, Ver.
Nilo, eu gostaria apenas de informar a V. Exas que nenhuma destas
charges é nova, feita neste momento. Se vocês olharem no site de charges, elas são charges do final do ano passado, são
críticas que a sociedade vem fazendo a votações da Câmara. Então, quero dizer a
vocês que é uma outra forma de diálogo, por desenhos, por brincadeiras, mas é
contundente, é crítico e mostra a nossa divergência. Eu não considero isso
desrespeito, eu considero isso parte do debate político que esta Cidade está
fazendo, e nenhuma das charges fala em compra de Vereadores, e sim de
influências, de opções por um modelo de Cidade.
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Está bem, Vereadora.
O Ver. Dr. Thiago Duarte está com a palavra em
Comunicações.
O SR. DR.
THIAGO DUARTE: Obrigado, Ver. Mauro Pinheiro; eu e o Ver. Ervino
só temos convergências, acho que não temos nenhuma divergência, pelo menos
nunca tivemos até agora. Eu quero, primeiro, me referir a um tema que foi pauta
aqui que é a questão do planejamento familiar. Eu quero dizer que vou continuar
defendendo a escolha livre e consciente dos métodos anticoncepcionais. Eu quero
dizer que vou continuar, de forma intransigente, defendendo que todas as
mulheres da Cidade tenham acesso aos métodos mais efetivos e eficazes. Eu quero
dizer que vou continuar defendendo a independência das pessoas a partir do
planejamento familiar. Isso, sim, representa uma saúde melhor.
Quando eu ouço, Ver. Ervino, o Ver. DJ Cassiá
falando aqui, eu me lembro das suas sábias palavras: “Esta Cidade vai ganhar,
em pouco tempo, um grande Parlamentar.” E é isso que a gente constata aqui, é
isso que a gente viu à frente da CECE, da Comissão de Educação e Cultura, e nas
visitas, principalmente resolvendo, Ver. DJ Cassiá, não só a questão das
creches e das escolas municipais quanto a das escolas estaduais! Uma Comissão
capitaneada por ele resolveu uma questão vinculada à Escola General Neto, que é
uma escola lá do Extremo Sul, que vai ser inaugurada em pouco tempo, graças à
sensibilidade e à possibilidade de construção de alternativas, o que não vinha
se conseguindo. Então, esta Casa tem mediado também questões estaduais.
Quando eu ouço falar de CPI da Saúde, eu me pergunto:
mas, em 2004, o que será que aconteceu? Aquela greve dos médicos? Esta Casa - e
aí eu respondo - aprovou a CPI da Saúde em 2004. Peço a todos os nossos
telespectadores e ouvintes que procurem saber o que aconteceu, em 2004, com a
CPI da Saúde, procurem saber por que ela não saiu. Informem-se sobre isso,
procurem nos Anais da Casa. Eu sou amplamente favorável a toda apuração. O que
eu quero refutar aqui e ressaltar é que este não é o local adequado. Só isso.
Quero falar bem claramente sobre duas situações que
me preocupam com relação à Saúde. A primeira é com relação ao Hospital
Presidente Vargas. Há necessidade urgente de colocarmos mais cinco
neonatologistas no Hospital Presidente Vargas. Neonatologista é o médico
pediatra que atua na UTI neonatal. Após o parto, a criança é vista por um
pediatra neonatologista, ele avalia se há necessidade de tratamento intensivo
ou não, esse é o neonatologista. O Hospital Presidente Vargas precisa
urgentemente de cinco, em função das licenças de saúde, em função da residência
em pediatria ter se tornado desinteressante, para poder manter e ampliar os
leitos de atendimento. Com esses cinco, nós vamos possibilitar que o Hospital,
efetivamente, use os 20 leitos da UTI Neonatal. Vão ser mais dez leitos de UTI
Neonatal, com apenas cinco profissionais. A capacidade instalada e as condições
de atender, o Hospital já tem. Cerca de 10 a 15% dos recém-nascidos acaba indo
para a UTI Neonatal, porque o Hospital Presidente Vargas é a referência para o
Estado em gestação de alto risco. Ele vai permitir, também, que o Hospital
continue na vanguarda do atendimento que começou nesta Gestão Fogaça, que é da
Medicina Fetal. A Medicina Fetal é aquela que avalia o nenê dentro do útero.
Então, o Hospital já tem o setor de Medicina Fetal, mas precisa dessa
retaguarda. Isso vai permitir, dentro da Frente Parlamentar Antidrogas - nós
fizemos essa visita e estamos trabalhando isso -, a assistência aos casos de
mães usuárias de crack. Esses nenês
ficam na UTI Neonatal para que possam ser avaliados e ver se têm alguma
síndrome de abstinência. E a UTI Neonatal tem auxiliado, inclusive, a Justiça,
albergando esses recém-nascidos, no caso das mães que não podem ficar com eles
até que o Juiz determine quem vai ficar com essas crianças.
Por tudo isso, é fundamental o Hospital Presidente
Vargas, pontualmente, ter mais cinco neonatologistas, e, também, porque é
fundamental que se amplie o Programa que se iniciou neste Governo, que é o
Programa Mãe Canguru, que coloca a mãe em contato com o recém-nascido, com seu
filho, mesmo que ele seja prematuro.
Para finalizar, eu quero fazer um grande apelo ao
Prefeito, ao Secretário da Saúde, às autoridades que nos ouvem. Eu quero fazer
um apelo, porque recebi - estão ali os papéis, não trouxe a esta tribuna - mais
de uma centena de moradores do bairro Boa Vista, que fica entre Belém Novo e o
Lami. No Extremo Sul, nós temos grande carência de recursos de Saúde, uma
carência, talvez, maior do que em qualquer lugar da Cidade, o que tem se
intensificado, com os anos, principalmente com os loteamentos irregulares, e as
distâncias dificultam ainda mais o acesso.
Nós temos o Posto da Boa Vista, que foi uma
contrapartida da empresa EcoClean, que vai beneficiar mais de 5.700 pessoas.
Este Parlamentar, que foi Gerente Distrital, fez esse acordo com a EcoClean,
deixou esse posto, que está pronto - eu peço que as câmeras mostrem aqui. Está
pronto o posto de saúde, os profissionais vão ser contratados pelo Hospital
Moinhos de Vento. Esse posto está pronto desde julho de 2009. Nós precisamos
abrir este posto “para ontem”! Não tem mais como o Extremo Sul ficar na penúria
de atendimento, sendo que não necessita disso!
Então, faço este apelo ao Prefeito Municipal, faço
este apelo ao Secretário da Saúde, já encaminhei Pedido de Providências, já
solicitei audiência neste sentido, e é esta a constatação que, rotineiramente,
faço e o pedido que, solidariamente, faço neste momento. Muito obrigado a
todos; muito obrigado à população do Extremo Sul, que, certamente, está nos
ouvindo neste momento, no Lami, Lajeado, Belém Novo, Ponta Grossa e Restinga.
E quero dizer, também, que estamos observando, e em
cima da empresa Algert, que já recebeu os recursos do Município e não pagou
ainda os funcionários que trabalham nas portarias dos postos de saúde de Porto
Alegre. Nós vamos incomodar!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Ervino Besson está com a palavra em
Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Elias Vidal.
O SR. ERVINO
BESSON: Meu caro Presidente Mauro; colegas Vereadores, Vereadoras; pessoas que
nos acompanham nas galerias, quero cumprimentar todos e agradecer, de uma forma
muito cordial, muito fraterna, o Ver. Elias Vidal, que me cedeu o seu tempo.
Confesso, colegas Vereadores, que faço este pronunciamento até com tristeza,
porque acho que a Câmara Municipal de Porto Alegre, pelo menos nos últimos
anos, fez um trabalho que recuperou [a imagem da Casa], não que tivéssemos uma
imagem ruim, mas os próprios Parlamentos criaram essa imagem que nos atingiu
também um pouco, Ver. DJ Cassiá. E isso se deu graças ao trabalho do Presidente
Sebastião Melo, com a sua equipe, com os funcionários, com os Vereadores, com
as pessoas que participaram da Mesa Diretora. Talvez alguns Vereadores não
tenham tido um pouco de bom senso para tomar algumas atitudes. E isso eu falo,
mas eu respeito todos os Vereadores e Vereadoras. Primeiro, eu quero citar o
fato que aconteceu no final do ano, na última Sessão, quando os Vereadores
brincaram com o panetone, o alimento mais sagrado do dia, o panetone. Foi uma
brincadeira indesejável, e acho que a Câmara Municipal não merecia isso. Foi
discutido amplamente, naquele seminário, e o destino da nossa Cidade, o destino
de Porto Alegre está no livro, pela primeira vez na história. Falou-se tanto do
Fórum Social Mundial, não sou contra, mas tenho algumas reservas. Houve o
Fórum, e ficou registrado tudo aquilo que aconteceu no Fórum Social Mundial?
Ninguém sabe contar tudo o que foi discutido; terminou o Fórum e terminou tudo.
Então parabéns, Câmara Municipal, pelo grande feito, pelo grupo dos Srs.
Vereadores e pelos funcionários, pelo extraordinário trabalho que está no livro
sobre o futuro de Porto Alegre. Agora. Deparo-me hoje com essas caricaturas. A
Verª Sofia é uma professora, e a profissão de professor tem uma grande
responsabilidade. Todas as profissões são dignas, mas eu vejo a profissão de
educador uma das mais dignas que existem, pela responsabilidade de educar os
nossos jovens, porque o futuro desses jovens faz parte de uma educação. Eu não quero,
com isso, longe disso - e a Verª Sofia vai entender - chamar a Verª Sofia de
mal-educada, eu jamais faria isso. Só que esse panfleto não pega bem para a
Casa. Veja bem: (Lê.) “Projeto ‘caos’ do Porto”. Caos! Nós votamos a favor do
Projeto. Caos aconteceu em alguns Municípios do Interior, essas tragédias,
famílias que perderam tudo. Isso é caos. Caos é o que está acontecendo no
Haiti. Isso é caos. Agora “Caos do Porto”? Por favor. Desculpem-me as pessoas
que montaram esse panfleto, as caricaturas não vão ao encontro daquilo que nós,
Vereadores, pensamos. Não é por aí o caminho. E veja bem aqui. Isso aqui, essas
construções aqui são dólares. O que é isso aqui? São dólares! Então como fica
isso, Ver. Dr. Thiago Duarte? Como fica o pessoal da imprensa, o pessoal que
nos assiste pelo Canal 16? É uma imagem que denigre a Câmara Municipal. Nós,
Vereadores, vocês funcionários, pagamos por isso. Acho que a Câmara não merece
isso. Nós temos outra responsabilidade que é muito grande para com essa cidade
de Porto Alegre, os problemas que acontecem aqui em Porto Alegre. Agora, quando
a gente pega um panfleto desses, puxa vida, fica triste com isso. Acho que
todos nós amamos esta Cidade. Esta Cidade nos acolheu de uma forma ou de outra;
duvido que alguns dos Vereadores ou Vereadoras, funcionários, a imprensa,
queiram o mal desta Cidade, porque nós todos temos uma família. Haverá outras
gerações que virão após a nossa. Então temos de ter essa consciência, essas
responsabilidade. Isso não pega bem. Agora há algumas caricaturas aqui - e eu
não usar um termo ... Sabem que a história diz que, talvez, quando a coisa é
feita por maldade - e não quero acreditar que foi feita nessa linha... “Que
ensina fazer a panela, mas a tampa, esquecem”. Com muito respeito, e eu não vou
usar o linguajar que vocês sabem como as pessoas usam esse linguajar... E já
vou encerrar. O que tem aqui: um trator, uma pessoa de guarda-chuva, sentada,
de chapéu e com uma estrela do PT. O PT também não merece isso. Acho que não
merece. Como eu já disse, “ensinam a fazer a panela, mas a tampa, esquecem”.
Essa foi a “bola nas costas”, meu querido amigo e competente, Vereador Mauro
Pinheiro.
Para encerrar, vou recordar àquele dia dos
panetones, quando V. Exª estava junto. Essa não é uma atitude... V. Exa
foi contrária, digo isso porque conheço esse cidadão aí, eu tenho caminhadas
com esse cidadão aí. Sei a dignidade e a pessoa que está presidindo esta Sessão
no dia de hoje. Tenho e terei sempre o maior respeito por um Parlamentar da
atitude do Ver. Mauro Pinheiro, que preside esta Sessão. Mas acredito ainda que
os erros das pessoas, as pessoas... A grandeza das pessoas é reconhecer os
erros. Isso é grandeza, só que, lamento, esse panfleto me atingiu, por que sei
do meu modo de fazer política, de agir e de ser como cidadão. Agora, fico
triste, porque fui atingido por essas caricaturas. Lamento profundamente. Muito
obrigado, meu caro Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05 oradores/05 minutos/com aparte)
1ª SESSÃO
PROC.
Nº 5989/09 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 051/09, que declara de
utilidade pública o Grupo Escoteiro Arno Friedrich.
PROC.
Nº 5992/09 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 053/09, que declara de
utilidade pública a Organização Beneficente Vida Viva.
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Não havendo nenhum Vereador inscrito, está
encerrada a discussão de Pauta. Estão encerrados os trabalhos.
(Encerra-se a Sessão às 17h59min.)
* * * * *